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15 de dezembro de 2017 às 17:09.

IDD: O departamento de Correios e Telégrafos no AM (Série 1960)

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Os Correios tiveram sua origem no Brasil a partir do dia 25 de janeiro de 1663, com a criação do Correio-Mor no Rio de Janeiro, então capital da Colônia.

Em janeiro de 1852, antes que a província do Amazonas fosse instalada, ocorreram as primeiras determinações oficiais do governo imperial brasileiro, através do Aviso do Ministério do Império de 29 de setembro de 1851, para que se organizasse a Repartição dos Correios e se desse início ao funcionamento dos serviços de correio geral. Tão logo João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha instalou a província do Amazonas, um dos seus primeiros atos foi expedir a instrução de 6 de fevereiro de 1852, estabelecendo o Correio Marítimo e de outras repartições entre a capital, as vilas, freguesias e povoados da província.

A importância do Correio Marítimo foi tamanha que, em fins da década de 1890, o movimento mais significativo da região amazônica era do correio fluvial, o qual era categorizado como carteiro “embarcado” ou “fluvial”.

Com o declínio do ciclo da borracha, em 31 de dezembro de 1914, extinguiu-se a administração dos Correios do Acre e seus subordinados, passando a ser jurisdicionada pelo estado do Amazonas.

Antes de assumir sua primeira sede própria, o Correio Geral do Amazonas e Acre mudou de endereço diversas vezes. Funcionou, inclusive, no térreo da sede da presidência da província, até que, em 14 de julho de 1921, resultante do aumento substancial do movimento postal amazonense, o governo federal comprou o imóvel situado na Rua Marechal Deodoro, esquina com Rua Theodureto Souto, inaugurando-o no dia 19 de julho de 1921.

Em fins de dezembro de 1960, o diretor regional do Departamento de Correios e Telégrafos, com sede no Amazonas e jurisdição sobre o Acre e Territórios limítrofes, Sr. Osvaldo Gonçalves de Carvalho, anunciava que a partir do dia 1º de janeiro de 1961, seria inaugurado no Amazonas o novo conjugado de 40 KWA, adquirido no Rio de Janeiro, o qual melhoraria os serviços telegráficos no estado. O trabalho de reorganização do tráfego postal e telegráfico por que passava os Correios, tinha a assinatura do gestor Augusto Ramos, diretor geral do DCT, com sede no Rio de Janeiro. Além do novo conjugado o diretor geral havia autorizado a remodelação do prédio dos Correios.

A inauguração do novo conjugado montado na sala de máquinas dos Correios deu-se em 1º de janeiro de 1961, ocasião em que a diretoria regional estava sob a responsabilidade do Sr. Osvaldo Gonçalves de Carvalho.

O prédio da sede do DCT de Manaus carecia de cuidados, mas havia outras prioridades, como a instalação do Serviço de Radiotelefonia do departamento regional, um sistema de transmissão de sons através de ondas radioelétricas, serviço já utilizado pelos Correios de outros estados. Para isso, no início de fevereiro de 1961, Osvaldo de Carvalho foi ao Rio de Janeiro tratar deste e de diversos assuntos de interesse da diretoria regional.

Em fins do mês de dezembro de 1961, foi iniciado o processo de montagem de uma antena “Rombica” no transmissor dos Correios em Adrianópolis. A antena serviria para instalar o Serviço de Fonia entre Manaus-Brasília-Rio de Janeiro.

Em 27 de abril de 1962, Osvaldo passou o cargo de diretor regional a Fabiano Chaves Ribeiro, funcionário antigo do quadro do DCT. Durante todo o ano de 1962, Fabiano Ribeiro fez esforços priorizando a instalação do Serviço de Fonia, porém, não se tem registro de sua instalação definitiva na década de 1960, apesar de os donos de embarcações e alguns lugares da cidade, como as firmas de J.G. Araújo e o DESP (Departamento Estadual de Segurança Pública), já se utilizarem desse sistema de comunicação.

A telefonia funcionava em péssimas condições, pois dependia da regulação do fornecimento de energia elétrica, cujo serviço era precário. Para combater essa adversidade, o DCT anunciava para breve a criação dos serviços de fonia e teletipo entre Manaus, Guanabara e Distrito Federal. Por sofrer com essa instabilidade, a Associação Comercial do Amazonas-ACA encaminhou expediente ao ministro da Viação e Obras Púbicas, general Virgílio Távora, pedindo o estabelecimento de ligação radiotelegráfica diretas entre Manaus/Rio e Manaus/Brasília. A intenção era substituir por um serviço mais rápido, já que o atraso com que os telegramas daqui enviados chegavam aos seus destinos causava prejuízo para o comércio e a indústria.

No mês seguinte, o coronel Gustavo Bandeira de Mello, diretor de Telégrafos da diretoria geral do DCT, aportou em Manaus e logo identificou que a aparelhagem telegráfica local era rudimentar, além do que, o DCT regional necessitava de providências urgentes quanto ao funcionamento dos serviços de fonia entre a capital amazonense e o Sul do País. A expectativa era que Gustavo Bandeira finalmente ativasse a instalação da fonia em Manaus.

No mês de maio, Gustavo Bandeira retornou a Manaus e anunciou a vinda de 20 transmissores e 20 receptores novos para atender aos serviços de telégrafo.

Ainda em 1962, no mês de junho, Fabiano Ribeiro, com a ajuda do auxiliar imediato, o Sr. José Belo Ferreira, visando melhor servir o povo do Amazonas, ampliou o sistema de distribuição de correspondências em dois expedientes, pela manhã às 8h e a tarde às 14h, o que há muito tempo não ocorria na cidade. À época, Manaus possuía 18 distritos e demorava-se em torno de dez dias para que uma correspondência chegasse ao seu destinatário. O objetivo desse novo método era otimizar o tempo para que nenhuma correspondência passasse mais de 12h nas dependências da repartição, evitando o acumulo das entregas.

Em novembro, ao retornar de uma viagem ao Sul do País, Fabiano Ribeiro confirmava o embarque, pelo Correio Aéreo Nacional, dos aparelhos de recepção e transmissão. Os aparelhos totalizavam 13 e seriam instalados em municípios amazonenses, com o objetivo de normalizar o minguado sistema de comunicação.

Em dezembro, o DCT regional reinaugurava o serviço de “Vales Postais”, paralisados desde novembro de 1960. O retorno daquele serviço facilitaria a vida dos moradores do interior do estado, que dele se utilizavam para a remessa de numerários. Também em dezembro o diretor geral anunciava para logo, a montagem dos aparelhos transmissores que melhorariam os serviços de comunicações do estado e, finalmente, dava início a remodelação total das instalações do prédio onde funcionava aquela repartição pública, obra anunciada desde dezembro de 1960.

Ao completar um ano na administração do DCT Regional, Fabiano Ribeiro inaugurou, em 23 de março de 1963, a remodelação da sede dos Correios. Além dos melhoramentos feitos no edifício, o diretor conseguiu do órgão central, quando de sua última viagem ao Sul do País, verbas, lanchas e veículos.

Em maio de 1964, a chefia do tráfego postal dos Correios, tendo em vista a grande dificuldade encontrada pelos carteiros na entrega de correspondências destinadas aos moradores da Cidade Flutuante, decidiu suspender a entrega domiciliar daquela localidade. Os carteiros tinham que se utilizar de catraias para ter acesso às “ruas” e aos aglomerados de casas flutuantes. Os moradores do local passaram a procurar suas correspondências na Posta Restante, dependência localizada no edifício sede dos Correios.

Em outubro de 1964, técnicos do DCT procedentes de Belém, vieram em missão relacionada com o reequipamento e modernização de todo o sistema de comunicações telegráficas da diretoria regional (doméstico e interior). Os técnicos comporiam os trabalhos de uma comissão que teria a incumbência de executar um plano amplo de expansão e aperfeiçoamento das comunicações telegráficas regionais. De autoria exclusiva do pessoal da diretoria regional, o projeto compreendia a implantação do Sistema Teletipo nas comunicações com Belém e Rio de Janeiro e, posteriormente, com Brasília.

Em janeiro de 1965, as obras de reformas no 5º andar do prédio do DCT, para onde seria transferido o Telegrafo Nacional, estavam em fase de conclusão. Apesar disso, o Telegrafo local ainda não teria máquinas ultramodernas, porque essas ainda estavam retidas no Sul do País, aguardando transporte para Manaus.

No dia 4 de fevereiro de 1965, no Salão Nobre do Palácio Rio Negro, após retornar de uma viagem ao Rio de Janeiro, atendendo um chamado do CONTEL (Conselho Nacional de Telecomunicações), para discutir problema da instalação de uma Estação de Radiotelegrafia na representação do Amazonas no estado da Guanabara, o governador Arthur Cézar Ferreira Reis se queixava da postura intransigente e irredutível de um diretor do DCT.

O presidente do CONTEL havia prometido atender ao pedido do governador e autorizar a instalação da Estação na primeira reunião ordinária do órgão, mas a posição do coronel Filgueiras, diretor do DCT e membro do Conselho, foi contrária a pretensão do governo do Amazonas. O coronel chegou a ameaçar ajuda ao DCT do Amazonas caso o pleito do governador prosperasse. O diretor defendia que essa operação estava vetada pelo sistema federativo do Brasil. A atitude de Filgueiras revoltou o governador Arthur Reis, que imediatamente comunicou a ocorrência ao general Ernesto Geisel, então chefe da Casa Militar da Presidência da República, de quem recebeu integral solidariedade.

No dia 21 de abril de 1965, com a presença do governador Arthur Reis e outras autoridades civis, militares e eclesiásticas, houve a inauguração da Sala de Aparelhos “Antônio de Souza Barros”, no DCT regional, a sala era composta por equipamento telefônico, dotando a repartição com mais esse moderno sistema de comunicação.

No dia 29 de abril, Otávio Cabral, diretor da agora delegacia regional do DCT, anunciava, ainda para aquele ano, a instalação do sistema de comunicações “Teletipo” em Manaus. A aparelhagem estava sendo aguardada e fazia parte do programa de telecomunicações do governo federal. A regional local aguardava a chegada por via marítima e fluvial dos transmissores procedentes de Fortaleza, cada um com potência de dois quilowatts e meio. Do Rio de Janeiro viria o restante do equipamento do teletipo, importado pelo governo federal diretamente da Alemanha. Os equipamentos seriam instalados na Sala de Aparelhos. A expectativa era que até o fim daquele ano a estação de Manaus estivesse integrada ao sistema nacional Teletipo.

Em 28 de maio de 1965, os dois transmissores e um receptor Sintrex, vindos de Fortaleza, já se encontravam no porto de Manaus, a bordo do navio Miramar. Suas instalações facilitariam a introdução dos Teletipos do Telégrafo de Manaus.

Em fins de julho daquele ano, o velho e belo prédio de revestimento de cerâmica vidrada, com ar de “belle époque”, na esquina da Rua Marechal Deodoro com Rua Theodureto Souto, local onde funcionava a sede da administração regional dos Correios e Telégrafos do Amazonas, agora era outro. A obra de recuperação finalmente oferecia conforto e higiene.

A inauguração do Sistema Teletipo de comunicação que expedia e recebia telegramas, ligando Manaus a Guanabara, ocorreu em 28 de novembro de 1965, desafogando o sistema radiotelegráfico e atendendo aos municípios do interior. Sua inauguração foi presidida pelo Ministro dos Negócios da Viação e Obras Públicas, marechal Juarez Távora.

Em fevereiro de 1966, a diretoria dos Correios, à época aos cuidados do Sr. Bello Ferreira, colocou em funcionamento mais um novo sistema de comunicação em Manaus, o “Telegrama Fonado”, cuja rapidez na comunicação à distância demandava 60 minutos. O telegrama fonado funcionava da seguinte forma: o usuário do serviço o solicitava na agência em Manaus; um telegrama comum com a mensagem era enviado à agência do DCT no Rio de Janeiro, por exemplo; do Rio era feita uma ligação telefônica ao destinatário, para quem a mensagem era lida. A resposta do “diálogo” seguia os mesmos passos.

Em 1967, o Decreto lei nº 200 institui o Ministério das Comunicações e, em 1968, o Departamento de Correios e Telégrafos passou a ser a este subordinado.

Em 25 de janeiro de 1968, no auditório Alberto Rangel, ocorreu o lançamento do selo postal comemorativo ao primeiro aniversário de fundação da Superintendência da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA e da criação da administração do Porto de Manaus. O evento foi presidido pelo governador Danilo Areosa. Em 15 de março, o DCT nacional prestou uma homenagem à cidade, lançando o selo comemorativo da Zona Franca de Manaus.

Em 20 de março de 1969, através da Lei nº. 509 criou-se a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), uma empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações. O surgimento da ECT correspondia a uma nova postura por parte dos poderes públicos, com relação à importância das comunicações e, particularmente, dos serviços postais e telegráficos para o desenvolvimento do País.

No dia 28 de agosto de 1969, Manaus ligou-se, pela primeira vez em sua história, a uma cidade do continente europeu, via telex. A ligação foi realizada entre os engenheiros José Ochen Gonçalves, da fábrica de computadores eletrônicos Hasler S.A. de Berna, capital da Suíça, e Mário Varetto, da ECT, que se encontrava realizando os testes finais para a instalação do serviço de telex em Manaus. O contato inicial foi feito com a estação de Itaboraí, no estado do Rio que, através do satélite INTELSAT, os interligou com a fábrica da Hasler.

O serviço de telex prometia baixo custo e maior rapidez, em ligação perfeita entre as principais centrais do País. Indústria, comércio e a sociedade em geral seriam beneficiados com o novo sistema. Preliminarmente seria instalada uma cabine pública, prevista para funcionar na primeira quinzena de outubro. Posteriormente, em maio de 1970, seriam instalados os trabalhos de instalação de canais de telex em empresas públicas, firmas comerciais, indústrias, etc. Manaus finalmente estaria integrada plenamente ao sistema de telex nacional e internacional, conforme previsão do governo federal através do Ministério das Comunicações.

Nesse período, a ECT consolidaria seu papel como importante agente da ação social do governo, atuando no pagamento de pensões e aposentadorias; na distribuição de livros escolares; no transporte de doações em casos de calamidade; em campanhas de aleitamento materno; no treinamento de jovens carentes e em inúmeras outras situações.

Em 2013, a ECT contava com mais de 117.000 colaboradores atuando nas áreas postal, comercial e administrativa da Administração Central e Diretorias Regionais.

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