Neste 28 de novembro, se ainda estivesse entre os mortais, estaria completando 95 anos de idade o escritor e jornalista manauara Antísthenes de Oliveira Pinto. Nascido em 1929, filho do sr. Antísthenes Nogueira Pinto e de dona Delmira de Oliveira Pinto, o poeta, contista e romancista começou suas atividades profissionais como auxiliar de farmácia e, depois, vendedor de próteses.
Foi membro ilustre do Clube da Madrugada e estreou no universo literário em 1957, com “Sombra e Asfalto”. No ano seguinte, lançou “Os Agachados” sendo selecionado para integrar a obra “Pequena Antologia Madrugada”, que reunia outros jovens poetas: Luís Bacelar, Jorge Tufic, Farias de Carvalho, Luís Ruas, Guimarães de Paula e Alencar e Silva.
Em 1959, casou-se com a senhora Ruth de Albuquerque Pinto, na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em cerimônia celebrada pelo Padre Nonato Pinheiro. O matrimônio gerou os filhos Marcos Gomes Pinto, Antísthenes Filho, Wagner, Rita de Cássia e Márcia Cilene.
A IDA PARA O RIO DE JANEIRO
O poeta mudou-se para a Guanabara onde atuou como escrivão de polícia, corretor de imóveis, corretor de seguros, gerente de rotisseria, empresário de artistas, professor de História e Geografia, entre outros “bicos”. Como jornalista no Sudeste, trabalhou nos periódicos “Tribuna da Imprensa”, “Jornal do Brasil” e “Correio da Manhã”.
Em 1965, ano em que publicou “Chavascal”, Antísthenes Pinto foi incluído no segundo volume da antologia “A Novíssima Poesia Brasileira”, organizada por Walmir Ayala e lançada pela Editora Cadernos Brasileiros, com trabalhos de diversos poetas.
Com o patrocínio do Clube da Madrugada, a novela “Chavascal” foi lançada em Manaus no dia 5 de março de 1966, na Livraria Brito, que ficava na rua Henrique Martins. O crítico José Alcides Pinto sim se referiu à obra e ao seu escritor, em matéria publicada no “Jornal do Comércio” local, na data do lançamento:
“Esse autor, jovem ainda, e que pertence ao Clube da Madrugada – agremiação cultural que já marcou época, atravessando mesmo as fronteiras do seu estado – é um criador de tipos dos mais fortes do ‘hinterland’ nortista, e sua novela, embora retrate com fidelidade a vida rústica na selva amazonense, adquire uma dimensão extra-regionalística (sic), pelo tratamento de transformação que dá às suas estórias, o poder de fabulação e constante poética de uma poderosa e inusitada força de alumbramento”.
O RETORNO A MANAUS
Após mais de dez anos longe da capital amazonense, o jornalista Antísthenes Pinto voltou a fixar residência em Manaus, em 1970, para onde pretendia transferir a sua agência de publicidade e promoção denominada “Tabalândia Limitada – Cultura e Publicidade”.
Nesse mesmo ano, passou a dirigir a parte comercial do “Jornal da Cultura”, produzido pela Fundação Cultural do Amazonas, e se tornou coordenador da página literária da União Brasileira dos Escritores, que era editada aos domingos no “Jornal do Comércio”.
Em 1971, foi convidado para ser diretor do Serviço de Cinema da Fundação Cultural do Amazonas e assumiu também a Divisão de Promoções da Secretaria de Desenvolvimento Comunitário (SDC), órgão da Prefeitura de Manaus que funcionava na rua Barroso, Centro. Ainda em 1971, foi empossado como relações públicas do Clube Municipal e, dois anos depois, tornou-se presidente da Fundação Dr. Thomas.
A década de 1980 inicia com Antísthenes Pinto sendo eleito presidente do Clube da Madrugada, em 21 de novembro de 1981. Sua diretoria-executiva era formada por Ernesto Penafort, vice-presidente; Alcides Werk, secretário-geral; Van Pereira, tesoureiro, e Moacir Andrade, bibliotecário.
Decorridos sete anos, ele assumiu a coordenação das atividades culturais do Museu do Porto, no Centro. Ressalte-se que Antísthenes também foi diretor da Imprensa Oficial do Estado e membro do Conselho Estadual de Cultura.
O CREPÚSCULO DO POETA E A LUZ DE SUAS OBRAS
Em 1993, Antísthenes de Oliveira Pinto foi eleito à Academia Amazonense de Letras, tomando posse da Poltrona 27, cujo patrono é o escritor alagoano Tavares Bastos.
Vencedor de diversos prêmios literários, o escritor faleceu em 3 de dezembro de 2000, poucos dias depois de completar 71 anos de idade, vítima de um infarto. Ao todo, entre 1957 e 1992, Antísthenes escreveu 18 obras:
- Poesias: “Sombra e Asfalto”, “Ossuário”, “Angústia Numeral”, “A Rebelião dos Bichos”, “Curvas do Tempo” e “Poesia Reunida”;
- Romances: “Terra Firme”, “A Solidão e os Anjos” e “Várzea dos Afogados”;
- Novelas: “Chavascal”, “Os Agachados” e “Porão das Almas”;
- Contos: “É Proibido Perturbar os Pássaros” e “Os Suicidas”;
- Crônicas: “Quelônios do Carabinani” e “Os Garis das Alturas”;
- Ensaios: “Literatura: Novos Horizontes” e “Oito Poetas Amazonenses”.
Entre as homenagens póstumas, a Prefeitura de Manaus inaugurou a Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em 10 de maio de 2001, no bairro Cidade de Deus, Zona Norte da capital amazonense.
Fica aqui registrada a homenagem ao jornalista, escritor e poeta que privilegiou, em sua escrita, as cenas do nosso cotidiano regional. Que sua obra continue a inspirar as novas gerações de leitores e escritores.
Fontes:
JORNAIS
- Jornal do Comércio-AM, set./1958; dez./1959; mar./1966; set./1970; jan./1971; out./1971; jul./1973; nov./1981 e jan./1988.
- Jornal Diário Carioca, dez./1965.
- Jornal Amazonas em Tempo, maio/1993 e dez./2000.
- Jornal A Crítica, dez./2000.
INTERNET
https://omeka.cultura.am.gov.br/files/original/c0febee5319a901ec320766f27ae961b3b097251.pdf
https://academiaamazonensedeletras.com/pdf/suplementos/1993/SUP%20AAL%20MAIO-JUNHO%201993.pdf
https://palavradofingidor.blogspot.com/2023/06/?m=0
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/amazonas/antisthenes_pinto.html
https://academiaamazonensedeletras.com/wp-content/uploads/2021/10/29_Poesia-Reunida.pdf