Quando uma capital de 2,2 milhões de habitantes, marcada por problemas acumulados ao longo de décadas e sem perspectivas reais de solução estrutural, reduz sua pauta pública a um ou dois temas, como operações de tapa-buraco nas ruas, toda a sociedade se torna refém de uma agenda limitada. Essa concentração artificial, em vez de atacar os desafios de fundo, cria a ilusão de que um ou outro tema resolverá o que de fato é mais importante e acaba por ocultar as verdadeiras prioridades.
O resultado é o fortalecimento de um ambiente de oportunismo político, no qual lideranças exploram demandas imediatistas para preservar espaço, enquanto questões essenciais — saúde, educação, infraestrutura, geração de emprego e planejamento de longo prazo — permanecem invisíveis.
Ao restringir o debate, perde-se a oportunidade de construir soluções consistentes. A política se reduz a mera manutenção cosmética, e a população, carente de alternativas, se conforma com a superficialidade de promessas que, na prática, não transformam a realidade da cidade.
Manaus, por exemplo, utilizou em raríssimos momentos as melhores técnicas de engenharia para solucionar a pavimentação de suas ruas, apesar de ter investido mais de 10 bilhões de reais nas últimas quatro décadas.