O assunto é polêmico, mas vale a reflexão de como o marketing afeta a tomada de decisões das crianças.
Segundo a Brain Support, empresa que trabalha com projetos neurocientíficos em toda a América Latina, estudos já demonstram que apenas 30 segundos são suficientes para uma marca influenciar crianças.
Em artigo publicado no site, a corporação destaca que alguns minutos em frente a computadores e televisores são capazes de causar reações aos estímulos realizados às crianças. O que nos leva ao seguinte questionamento: isso se enquadraria como abuso ou alienação infantil, com o objetivo de vender mais?
O texto também destaca uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto TNS/InterScience sobre o consumo infantil. De acordo com o estudo, as crianças exercem influência direta sobre a decisão dos pais na hora da compra. Outro dado importante: as marcas globais, com maior visibilidade, são preferidas entre as crianças de três anos de idade.
Além disso, a pesquisa nos revela estas informações:
No Brasil, os números foram semelhantes: 71% das mães relataram atender às expectativas das crianças na hora das compras. Além disso, 56% informaram que, caso a marca tenha a imagem ou faça menção a personagens de desenhos, os filhos vão optar por esse produto.
Com o modo de vida atual, crianças são expostas, desde cedo, às telas do celular, computador ou televisão, o que leva ao consumo excessivo de propagandas. Somado a isso, está o fato de que muitos pais passam bastante tempo fora de casa e tentam “compensar” a ausência com compras aos menores.
Diante disso, estariam as empresas de publicidade tirando proveito da vulnerabilidade e convencendo crianças sem que elas percebam?
Bem, para responder a essa pergunta, é preciso entender que a publicidade infantil é ilegal no Brasil, visto que o Código de Defesa do Consumidor (Lei N.º 8.078/1990) determina o direcionamento de publicidade a esse público uma prática abusiva.
Entretanto, o controle desse material publicitário do qual as crianças são expostas não é um processo fácil, considerando que há situações escolares, como ver um colega consumindo determinado produto, que despertarão o desejo na criança em ter um item parecido. Além disso, com o ‘boom’ dos youtubers infantis, verifica-se outra forma de exposição publicitária a esse público.
Assim, as discussões mais relevantes não devem ser sobre formas de publicidade para o público infantil. Do ponto de vista ético, a reflexão é “deveria existir qualquer tipo de publicidade infantil?”, afinal, seria justo e ético expor cérebros, que ainda não estão totalmente maduros, à tomada de decisões?
(Fonte: Brain Support)