A COP30 em Belém nascerá sob o signo da contradição. Antes mesmo de começar, tropeçará nos próprios escombros. O encontro que deveria ser o ápice da diplomacia climática mundial se tornará desfile de vaidades, um carnaval de marketing verde, promessas ocas e escândalos logísticos.
A hospedagem será a metáfora perfeita do desastre: diárias impagáveis, quartos insuficientes e exclusão de delegações mais pobres. A conferência que deveria acolher os vulneráveis já nascerá erguendo barreiras.
Enquanto líderes posarão para as câmeras, os compromissos evaporarão. Até agosto, apenas 28 países terão enviado seus planos climáticos. Os maiores emissores permanecerão em silêncio. Estados Unidos e China, entre outras potências, indiferença total ao evento. O vácuo da liderança brasileira corroerá a credibilidade coletiva.
O dinheiro será outro truque: falar-se-á em 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035, com 300 bilhões prometidos pelos ricos. Mas nada virá com clareza sobre origem, prazos ou garantias. Para o Sul Global, soará como cheque sem fundo.
As emissões, indiferentes às solenidades, continuarão a subir. Novos recordes serão quebrados enquanto discursos se multiplicarão. Retórica em alta, cortes reais em baixa.
E, para dourar o fracasso, um contrato milionário com a Edelman, velha conhecida das petroleiras, transformará a comunicação em maquiagem. Não haverá transparência: haverá encenação, estatísticas polidas e versões controladas.
No coração da Amazônia não se erguerá uma conferência histórica, mas uma feira de egos. Delegações contarão moedas para dormir, líderes improvisarão discursos para salvar imagem, e o planeta seguirá sofrendo.
A COP30 não será lembrada como a virada climática. Será o espetáculo farsesco de um sistema esgotado, com pompa, cinismo e diárias de hotel a preço de ouro.