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A era do rádio no Amazonas

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A década de 1950 ficou marcada pela acirrada competição pelo título de “Rainha do Rádio” que envolveu em disputas memoráveis cantoras como Emilinha Borba, Marlene e Ângela Maria. Nessa década, os programas de auditório da emissora (Rádio Nacional) tornaram-se tão concorridos que era cobrado ingresso até para assistir os programas em pé.

Foi Ephigênio Salles (1926/1929), um deslumbrado com as novidades tecnológicas de comunicação, quem deu início a Era do Rádio no Amazonas. “[…] em abril de 1927, uma rádio Marconi de ondas curtas começa a funcionar num prédio recém-inaugurado da empresa AmazonTelegraph. O objetivo principal era difundir no interior cotações de produtos naturais, horários de barcos e outras informações de utilidade pública, além de divulgar realizações do Governo. A Voz de Manaós, como a rádio virá a ser conhecida, enfim inaugura a Era do Rádio no Amazonas”. Curiosa e coincidentemente isso ocorreu no auge da multiplicação dos receptores artesanais e da crise de fornecimento de energia elétrica na capital.

No início, a rádio funcionava três dias por semana: segundas, quartas e sextas-feiras, entre às 21:00 e 22:00. A existência da Voz de Manaós foi efêmera, sua extinção deu-se em 1930.

Após um hiato de oito anos, o paulista Lizardo Rodrigues construiu artesanalmente um transmissor de 500 watts e deu início às transmissões da Voz da Baricéia. O estúdio foi montado de forma provisória nos fundos de sua própria casa. Ao longo dos anos a Voz experimentou melhorias que mereceram elogios da imprensa amazonense. Em 1945, passou a pertencer a cadeia dos Diários e Emissoras Associadas do Brasil, de Assis Chateaubriand, e teve seu nome alterado para Rádio Baré (PRF6).

Em 24 de novembro de 1948, a Rádio Baré deixou de ser a única emissora de rádio de Manaus, quando a voz de Josué Cláudio de Souza anunciou com emoção: “Está no ar a Rádio Difusora do Amazonas, estação ZYS-8, a mais poderosa da planície e a mais querida de Manaus, operando na frequência de 4.805 kilociclos, ondas intermediárias de 62,40 metros”.

Manaus ainda vivia o intervalo conhecido como “período da cidade em crise”, iniciado na década de 1920, quando a cidade perdeu o monopólio da produção da borracha para o Oriente, impactando enormemente na forma de vida da cidade que, segundo alguns historiadores, perdurou até 1967. Mas o sistema capitalista e o princípio da livre concorrência – consequência da livre iniciativa – permitiram que as Rádios Baré e Difusora e os cines-teatros, protagonizassem um período sem par na vida musical de Manaus, uma vez que o rádio era o melhor veículo de difusão das vozes amazonenses.

O jornalista Josué Cláudio de Souza, que pertencera a cadeia dos Diários e Emissoras Associadas do Brasil, trouxe para a Rádio Difusora uma grade de programação que seguia a mesma linha dos programas que faziam sucesso na Rádio Baré, isso deu início a uma rivalidade histórica.

Com o aval das emissoras do eixo Rio-São Paulo, as duas Rádios organizavam inúmeros eventos musicais com apresentações de artistas brasileiros consagrados. Suas disputas por audiência não necessariamente ocorriam em seus estúdios, muitos programas eram realizados ao ar livre com a presença maciça do público. Com Rômulo Gomes à frente, a Rádio Baré agitava a cidade na Maloca dos Barés, um grande auditório ao ar livre, localizada onde hoje está instalada a Capitania dos Portos. A Rádio Difusora respondia no mesmo diapasão com a Festa da Mocidade, realizada primeiramente num espaço situado na Rua Silva Ramos e posteriormente no endereço onde hoje está edificado o Edifício Palácio do Rádio, na Avenida Getúlio Vargas.

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