Num dos poucos espaços abertos pela imprensa à versão dos manifestantes, A Notícia também transcreveu parte de um manifesto entregue ao governador, por intermédio da comissão. Assinado pelo Centro Cultural de Agronomia (Cuca), o manifesto exigia “o livre direito às manifestações, à liberdade e à democracia” e responsabilizava o Governo do Estado pela “depredação de propriedades públicas e privadas e violência generalizada da população concentrada na Praça da Matriz, que apenas reagiu amedrontada diante da presença ameaçadora e ao ataque da Polícia Militar com jatos d’água e cassetetes, transformando a manifestação pacífica e democrática em batalha corporal entre populares indefesos e militares armados” (A Notícia de 30 de setembro de 1983, p.03).
Outubro iniciou-se com os estudantes discutindo a realização de um novo ato público no dia 6, na Praça da Matriz. Ao contrário do informado anteriormente, Gilberto Mestrinho voltara a negociar com os estudantes após a intervenção da Comissão dos Quatro (A Notícia de 2 de outubro de 1983, p.02). Em reação, o secretário de Segurança, Henrique Lustosa, divulga nota pedindo ao povo para não ir à nova manifestação, recusando “o convite dos que querem transformar nossa cidade em palco da desordem” (A Notícia de 4 de outubro de 1983, p.03).
Em seguida, a Assembleia Legislativa realiza uma sessão especial com a presença do prefeito Amazonino Mendes, que fora convocado a explicar os motivos que levaram ao aumento da tarifa para Cr$ 110,00. Amazonino explanou com os argumentos técnicos que vinham sendo repetidos até então, dando conta de que os custos do transporte (mão de obra e combustível) haviam subido e de que os Cr$ 110,00 eram a menor tarifa possível. Diversos parlamentares se manifestaram contra o prefeito e o “excesso de tecnocracia“, e afirmaram que Amazonino estava ao lado dos empresários, contra o povo. “Aumento dos ônibus é um assunto consumado” foi o título da reportagem de A Crítica de 5 de outubro de 1983, p.06.
Em 5 de outubro, véspera do dia para o qual estava marcado o segundo grande evento, o governador fez uma ameaça aos estudantes: “Não vou permitir nenhuma aglomeração nos logradouros públicos, fora a Bola da Suframa. A Polícia Militar e a Polícia Civil estão preparadas para assegurar a ordem e a disciplina e prontas para dispersar os agitadores (…)“, declarou Gilberto Mestrinho após uma reunião com a bancada do PMDB (A Notícia de 6 de outubro de 1983, p.02)
Alegando “bom senso e responsabilidade”, diante da iminência de “massacre”, os estudantes decidem, então, cancelar a manifestação programada para a Praça da Matriz e realizam um “dia de vigília” na Igreja São José Operário, na Praça 14. Iniciada nas primeiras horas da tarde, adentrando a noite, o ato político-litúrgico, contou com as bênçãos do arcebispo metropolitano de Manaus, Dom Milton Correa Pereira.