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A origem do Banco do Estado do Amazonas – BEA (Série 1960)

IDD: A origem do Banco do Estado do Amazonas - BEA (Série 1960)

O Banco do Estado do Amazonas – BEA foi criado através do decreto nº 98, de 18 de dezembro de 1956, ato normativo sancionado por Plínio Ramos Coelho.

 

O Banco do Estado do Amazonas – BEA foi criado através do decreto nº 98, de 18 de dezembro de 1956, ato normativo sancionado pelo governador Plínio Ramos Coelho. Sua inauguração deu-se em 19 de maio de 1958. Sua sede ficava na Avenida Sete de Setembro, nº 867, no então edifício onde antes funcionava o Diário Oficial, junto a Biblioteca Pública. Na data de sua inauguração, o estado ainda era governado por Plínio Coelho e Manaus pelo prefeito Gilberto Mestrinho. O primeiro presidente do BEA foi o Sr. Jacob Sabbá, tendo assim o professor Samuel Benchimol como vice-presidente. O Sr. José Ribeiro Soares, superintendente; e o Sr. Jorge Assaud Aucar, diretor de finanças. O BEA iniciou suas atividades bancárias com um capital de 20 milhões de cruzeiros. Em 1960, havia atualizado para 80 milhões. Naquele ano, o banco dispunha de 400 acionistas.

Em 30 de janeiro de 1961, foram inauguradas suas novas dependências, na Rua Henrique Martins. Em discurso proferido durante a solenidade, o presidente do banco, Sr. Jacob Sabbá, disse: “Vencemos a barreira da descrença e do pessimismo daqueles que não acreditavam no empreendimento.        Conseguimos captar a simpatia e a confiança integral do público e de todas as classes sociais; recebemos os aplausos da imprensa escrita e falada”.

Ainda em 1961, tendo agora como governador do estado, o então professor Gilberto Mestrinho, um de seus fundadores, o banco comemorava o seu terceiro ano de existência com uma carteira de cinco mil clientes. Além da matriz, dispunha da Agência Metropolitana do Mercado, na Rua dos Barés, nº 145, inaugurada que fora em 23 de fevereiro. O BEA ou o “nosso banco”, como os amazonenses o chamavam, pregava que fazia do estabelecimento de crédito “o principal motor de desenvolvimento do estado do Amazonas”.

Em fevereiro daquele mesmo ano, o governador, entusiasmado com o “progresso” do BEA, anunciava através da imprensa, medidas necessárias para instalar agências do banco em Parintins e Itacoatiara. Notícia que muito animou os agricultores e criadores dos dois municípios, pois assim não teriam mais necessidades de se deslocarem até Manaus. Operação que se constituía em grande desconforto. Enquanto não se fazia presente em sedes de municípios do interior, o banco priorizava a conclusão das obras da agência do banco no bairro de Educandos. Sua inauguração ocorreu somente no dia 2 de janeiro de 1962, em decorrência das alterações e adaptações na planta original do projeto. O prédio de dois andares ficava na Av. Leopoldo Peres, nº 649, e suas benfeitorias custaram 2 milhões de cruzeiros.

Apesar do anúncio feito pelo então governador Gilberto Mestrinho em 1961, a agência do BEA de Parintins só foi inaugurada em 28 de abril de 1964, durante o governo do Sr. Plinio Ramos Coelho. A sucursal prometia assistência ao homem do campo, da indústria e do comércio. Aquela filial foi a primeira fora da capital. No primeiro dia de funcionamento, a carteira de depósito arrecadou quantia superior a 70 milhões de cruzeiros.

A agência de Itacoatiara inaugurou quatro meses depois, em 29 de agosto de 1964. Era um sábado e a cidade excitou-se com o evento desde as primeiras horas do dia. A lancha condutora da caravana governamental aportou à cidade. A inauguração da filial situada na Avenida Getúlio Vargas, nº 77, deu-se às 11 horas. O governador agora era o professor Arthur César Ferreira Reis, já que em 13 de junho daquele ano, o Sr. Plínio Coelho, sob a acusação de corrupção administrativa, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos, nos termos do AI-4.

O então presidente Humberto Castelo Branco indicou Arthur Reis, e a Assembleia Legislativa do Estado o ratificou. Menos de um ano depois, em 19 de abril de 1965, Plínio Coelho teve sua prisão decretada. Representando o governador recém-empossado, esteve o deputado Andrade Neto. O acontecimento também contou com as presenças das seguintes autoridades: prefeito Galdino Alencar, o diretor Oswaldo Alves da Silva, representando a presidência do BEA, e o presidente da Associação Comercial, Sr. Armindo Ausier. Apesar de ter sido instalada no final do expediente de sábado, a agência recebeu um volume de depósito da ordem de 10 milhões de cruzeiros.

Com a sua ascensão ao governo do estado, o professor Arthur Reis exonerou, no dia 1º de julho de 1964, o Sr. Adriano Bessa Ferreira, presidente que havia sido empossado por Plínio Coelho, das funções de presidente do Banco do Estado Amazonas e nomeou o então comerciante e industrial Robert Philippe Daou. Um ano depois, em 27 de julho de 1965, assumiu a presidência do banco o Sr. Mário Expedito Neves Guerreiro, empresário e advogado.

No dia 31 de março de 1965, festejando o aniversário do golpe militar, o então Banco do Estado do Amazonas inaugurava o seu novo edifício sede, situado na Avenida 7 de Setembro. A obra com a assinatura do engenheiro Nelson Ribeiro Porto, teve início em 1963. Eram instalações luxuosas, amplas e confortáveis, distribuídas em três pavimentos, com elevadores e ar condicionado. Além de um andar com copa, tudo isso numa área de aproximadamente 1.500 m². Ao encerrar a cerimônia, o governador Arthur Reis deu instruções ao então secretário de Economia e Finanças do estado, Sr. Danilo de Matos Areosa, para promover depósito de 500 milhões de cruzeiros, à conta do estado, a fim de iniciar a formação do capital da Companhia Amazonense de Telecomunicações – CAMTEL.

Depois de Parintins e Itacoatiara, foi a vez de Boca do Acre, que teve a sua agência enfim inaugurada no dia 15 de setembro de 1965, ano em que o banco ocupava o sexto lugar na classificação geral dos bancos no Brasil.

Em 22 de janeiro de 1966, o BEA inaugurou a quarta agência no interior, no município de Maués. A finalidade informada então pelo banco era assistir a indústria, o comércio, a pecuária e a lavoura daquele município. O gerente da filial de Maués era o Sr. Holand de Melo Botelho.

Durante a inauguração, o então governador Arthur Reis anunciou assistência de crédito ao guaraná. O depósito inicial foi de quase 13 milhões de cruzeiros, a maioria de industriais e comerciantes locais.

No final de julho de 1966, o prefeito de Manacapuru anunciou em nota publicada na imprensa escrita, a previsão de inauguração da sucursal do BEA. Dois funcionários do BEA haviam estado na sede daquele município, com a finalidade de escolher um prédio onde funcionaria a agência provisoriamente, enquanto seriam iniciadas as obras para a construção da sede própria, em terreno já escolhido na avenida principal da cidade.

No dia 22 de fevereiro de 1968, o BEA, sob a presidência do Sr. Stephenson Medeiros inaugurou a agência Guanabara, no Rio de Janeiro. A cerimônia ocorreu nas dependências da Representação do Governo do Estado do Amazonas-Regeam, na Rua da Assembleia nº 60, enquanto se aguardava a entrega da sede definitiva.

O então governador Danilo de Matos Areosa presidiu o evento. Mais de 300 pessoas assistiram a cerimônia. Participaram do acontecimento: o então governador do estado da Guanabara, Negrão de Lima; o vice-governador do Amazonas, Ruy Araújo. Além de personalidades de destaque da vida administrativa, financeira e industrial daquele estado.

O comando da agência ficou sob a responsabilidade do Sr. Vicente de Moura Costa Júnior. No discurso de inauguração, o governador Areosa disse que estava então cumprindo o programa governamental de impulsionar com equilíbrio e força o grande plano de integração da Amazônia à comunidade brasileira. Registre-se que o governo anterior, Arthur Reis, obteve a carta patente daquela filial.

Em novembro de 1968, o BEA, igualando-se aos principais estabelecimentos bancários do Brasil, adotou o Caixa Executivo, para o então atendimento de cheques, em Manaus, na sua Agência Central. Pelo novo sistema, os atendentes passam a atender os clientes no guichê em menos de um minuto. Isso elimina a prática anterior de espera.

Há registros históricos de que o banco serviu para interesses políticos nada republicanos e contribuiu para gerar fortunas de personalidades importantes da sociedade amazonense. “Clientes” que nunca honraram compromissos financeiros assumidos, aplicando gigantescos calotes no banco. Notórios golpistas que constituíram patrimônio à custa assim daquela instituição estadual. Somado a isso, mudanças ocorridas na política do setor levou-o, junto com outros bancos estaduais, a extinção.

Primeiro o BEA foi federalizado, organizado em termos operacionais e, enfim, leiloado, em 24 de janeiro de 2002. O Bradesco, única instituição pré-qualificada para o leilão, o comprou pelo valor mínimo de R$ 182,914 milhões. A venda do “nosso banco” durou apenas três minutos.

Fonte: IDD

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