Após o crime ocorrido em seu estabelecimento comercial, José Osterne de Figueiredo ficou desgostoso com os acontecimentos e decidiu fechar sua alfaiataria, em março de 1954. Mas não sem antes fazer um empréstimo na Caixa Econômica Federal para pagar os seus clientes que tiveram peças de roupas roubadas no suposto latrocínio. Suposto, porque, até então, as autoridades policiais andavam às tontas, sem nada que os levasse à solução do assassinato do biscateiro Anacleto Gama.
Aconselhado por dona Olívia, em agosto de 1954, Figueiredo resolveu comprar uma mercearia localizada na rua Visconde de Porto Alegre. Porém, ao falar com o seu compadre, Raimundo Alves, sobre o negócio, este lhe informou que um português de nome Antônio Dias estava querendo vender uma taverna, situada na rua Taqueirinha, no Centro, o que era mais conveniente a José Figueiredo, por ser mais próxima da sua residência.
Segundo Raimundo Alves, o comerciante português estava pedindo Cr$ 80.000,00 pelo ponto comercial e ainda facilitava o pagamento das mercadorias que estavam na mercearia. Entretanto, Figueiredo só tinha Cr$ 50.000,00 em espécie e, então, pediu a Raimundo que fosse negociar com Antônio Dias a fim de que parcelasse os Cr$ 30.000,00 que faltavam.
O português não aceitou o parcelamento, pois o motivo da venda do seu estabelecimento era justamente para quitar dívidas. Figueiredo então pediu emprestado do seu amigo José Marques Ramos o valor que faltava para completar o que Antônio pedira.
Marques Ramos então emprestou-lhe Cr$ 50.000,00, sendo Cr$ 46.000,00 em cheque e Cr$ 4.000,00 em dinheiro, somando-se, assim, os Cr$ 100.000,00 necessários para comprar a mercearia. Quanto às mercadorias, o valor somente seria estipulado após a realização do balanço das mesmas.
No dia 28 de agosto de 1954, Figueiredo concluiu a compra da taverna de Antônio Dias, que não assinou um recibo de compra e venda, porque era um sábado e também porque não havia sido concluído o levantamento de todos os produtos do estabelecimento, o que só ocorreu três dias após a compra, no dia 31.
José Figueiredo começou a trabalhar na sua recém-adquirida mercearia a partir de 1º de setembro seguinte, sendo auxiliado por Antônio Dias, que pediu para ficar na taverna, ao menos, por mais seis dias, pois pretendia viajar logo em seguida. Nesse ínterim, Antônio se ofereceu para ajudar Figueiredo a se familiarizar com a clientela.
Ao fim do primeiro dia de Figueiredo à frente do negócio, foi apurada a renda de mais de Cr$ 1.800,00 que foi guardada no cofre do estabelecimento por Antônio Dias. Por volta das 20h, José Figueiredo falou ao português que ia para casa a fim de dormir. Antônio, então, após trancar o cofre, perguntou-lhe se queria levar a chave do cofre e uma da porta da taverna, mas o novo dono não aceitou.
Após jantar em sua residência, Figueiredo saiu para o botequim Primeiro de Maio, onde topou com o seu compadre Raimundo Alves a quem falou que estava muito feliz com o seu novo comércio. De lá, ele retornou à sua casa, mais ou menos às 21h, encontrando sua esposa, dona Olívia, sentada na frente da residência, com quem ficou por alguns minutos até se recolherem para dormir, isto já pelas 21h30.
Parecia mais um final de dia normal para Figueiredo e família, e para os moradores de Manaus. No entanto, a madrugada que se sucederia traria novamente o horror às manchetes manauaras, na manhã seguinte.