Na noite seguinte, o governador em exercício, o vice Manoel Ribeiro, recebeu o prefeito, sindicalistas, líderes estudantis e comunitários para uma reunião no Palácio Rio Negro. Depois de mais de quatro horas de debates, Ribeiro assumiu alguns compromissos públicos, diante das mais de duas mil pessoas que se aglomeraram na frente da sede do governo, à espera do retrocesso no aumento tarifário: a volta da circulação de ônibus no campus universitário (que havia sido suspensa após as depredações), a volta da venda dos passes de estudante (meia-passagem) no posto da Apetram e o início da venda desses passes nas agências do BEA. O posicionamento sobre a revisão das tarifas foi adiado até a volta do governador Mestrinho (A Notícia de 22 de setembro de 1983, p.03).
Nos dias que sucederam a manifestação de 20 de setembro, a imprensa traz às páginas relatos diversos sobre depredações de ônibus em locais variados na cidade de Manaus. “Ônibus voltam a ser atacados e cidade quase parou à noite” (A Notícia de 22 de setembro de 1983, p.01) foi uma das manchetes. No entanto, segundo Francisco Braga, da Associação dos Engenheiros Agrônomos e da Intersindical do Amazonas, afirma: “não foi estudante quem quebrou os 21 ônibus. Isto foi feito por membros da direita que estão se beneficiando da posição que vem sendo tomada pelo governo” (A Notícia de 23 de setembro de 1983, p.05).
Já de volta à cadeira de governador do Estado, Gilberto Mestrinho ameaça os estudantes com a convocação de tropas federais. Segundo A Notícia de 23 de setembro de 1983, Mestrinho teria atribuído “o desvirtuamento da manifestação às manobras de integrantes do Partido Comunista do Brasil“, que teria infiltrado o deputado estadual João Pedro entre os integrantes do movimento estudantil. O apelo às Forças Federais seria feito, segundo o governador, “para impedir novos tumultos“. O Jornal do Commercio acrescenta que, àquela altura, o vice-governador Manoel Ribeiro já havia estabelecido contatos nesse sentido com o Comando Militar da Amazônia.
Naquela tarde de 22 de setembro de 1983, os estudantes fizeram passeata em direção ao Palácio Rio Negro na tentativa de se fazerem ouvir pelo governador. Mas, a determinação de Gilberto Mestrinho de adotar mão de ferro contra “quem tumultuar a vida da cidade” foi cumprida à risca. “Os policiais varreram a Sete de Setembro espancando quem estivesse na frente e só pararam quando os manifestantes tomaram a direção da Rua Ipixuna“. O secretário de Segurança, coronel Henrique Lustosa, instruíra a polícia a não deixar formar “grupos de mais de três” (A Crítica de 23 de setembro de 1983, p.02).
Quase na esquina da Sete de Setembro com a Major Gabriel, havia uma concentração de estudantes ouvindo um discurso do deputado João Pedro. O pelotão de choque investiu contra o grupo, e os jovens “tentaram fugir aos gritos pela Major Gabriel e foram perseguidos e espancados pelos policiais até a altura da Rua Ipixuna“.