A Crítica oferece a seus leitores um relato mais detalhado: “Urina atirada na cela, para que ninguém pudesse dormir, ameaça de espancamento, proibição para contato com advogados e até ofensas com palavrões foram os tipos de tratamento dado pela Delegacia de Vigilância e Captura para os estudantes e professores universitários presos na noite de sexta-feira, após a assembleia geral realizada no Instituto de Ciências Humanas e Letras. Sob a alegação de que ‘alguém tinha que informar o que se passou na reunião’, os policias infiltrados no movimento prenderam oito estudantes e dois professores e uma jornalista, conduzindo-os para a Delegacia da Captura. João Evangelista Vasconcelos, a jornalista Luiza Elaine Azevedo, Maria do Socorro Oliveira, George Tasso Lucena Sampaio Calado, José Ribamar Mitoso, Sônia Mitoso, Antônio Paulino (irmão do deputado estadual João Pedro), Raimundo de Melo Pinto e os professores Frederico Arruda e Paulo Monte foram capturados (termo usado por eles) e atirados em celas comuns” (A Crítica de 25 de setembro de 1983, p.03).
Enquanto isso, o movimento tentava se reerguer para alcançar seus objetivos. Estudantes e professores da Universidade do Amazonas pleitearam e o reitor Octávio Mourão convocou uma reunião na Universidade do Amazonas, da qual participaram o arcebispo metropolitano de Manaus, Dom Milton Correa Pereira, o presidente da OAB-AM, Carlos Fausto Ventura e o deputado federal Mário Frota. Os presentes constituíram uma comissão para elaborar um plano de ação visando restabelecer o diálogo entre os estudantes e o governador. Afirmou o arcebispo: “O governador Gilberto Mestrinho está mal assessorado e acredito que os fatos estão chegando ao seu conhecimento com algumas distorções” (A Notícia de 28 de setembro de 1983, p.02).
Mestrinho recebeu a comissão na noite seguinte, e expôs sua decisão de não mais dialogar com os estudantes, porque estes teriam quebrado o compromisso assumido com o governo de manter a ordem durante as manifestações. E anunciou que, a partir daquele momento, estavam proibidas quaisquer manifestações públicas em áreas no centro da cidade. Pela determinação do governador, o único local permitido para atos públicos seria a Bola da Suframa. Mestrinho voltou a advertir os “baderneiros que continuam tentando tumultuar a tranquilidade da população, que toda a paciência do governo tem limite, e que quem se exceder nesse limite sofrerá as consequências de sua irresponsabilidade” (A Notícia de 29 de setembro de 1983, p.02).