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O plebiscito dos estudantes e a não adesão a greve

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Em discurso no plenário da Assembleia Legislativa, o deputado José Costa de Aquino, vice-líder do PMDB, faz apelo ao prefeito José Fernandes para que a prefeitura entrasse em entendimento com as empresas de transportes, para evitar o prejuízo aos universitários (A Crítica de 26 de março de 1981, p.06).

No dia 02 de abril de 1981, os estudantes da Universidade do Amazonas realizaram um plebiscito para decidir sobre a adesão à greve nacional dos estudantes proposta pela UNE, marcada para 7 de abril, reivindicando o aumento de verbas para a educação pública, o reajuste do crédito educativo e eleição direta para cargos da universidade, entre outras questões. Porém, por 1.772 a 1.312, a proposta é rejeitada.

O reitor em exercício, Roberto Vieira, destacou que “nem 50% dos estudantes aproveitaram a oportunidade para expressar sua opinião“. Em nota distribuída à imprensa, o Diretório Universitário afirma que considera o plebiscito “bastante válido, pois introduziu no movimento estudantil uma nova prática, na qual o estudante pode manifestar sua opinião” e, ressalta que, o resultado “não significa omissão, apatia e imobilismo, mas sim, a consciência da necessidade de uma maior organização“, conclamando os estudantes “ao debate à reflexão, ao questionamento, fortalecendo assim uma nova fase de luta” (A Notícia de 4 de abril de 1981, p.06).

Em Brasília, o Conselho de Entidades Gerais (Coneg) da UNE decide realizar uma “paralisação de advertência” de dois dias nas universidades públicas por todo o país. A UNE iria aguardar uma resposta do MEC sobre as reivindicações da categoria estudantil, antes de realizar uma greve geral. Segundo o seu presidente, Aldo Rebelo, aquela era “uma demonstração da flexibilidade e da boa vontade de nossa parte” (A Notícia de 7 de abril de 1981, p.02).

Prontamente, o presidente do Diretório Universitário, Públio Caio, descarta a possibilidade de os estudantes amazonenses aderirem à paralisação convocada pela UNE. “O plebiscito demonstrou que os estudantes estão com uma análise correta, pois o nosso Estado não tem estrutura para suportar uma greve, e um dos fatores mais evidentes é a flagrante falta de conscientização e organização. O DU pretende, para os próximos meses, trabalhar sobre isso” (A Notícia de 9 de abril de 1981, p.09).

Dois meses após, entretanto, os estudantes universitários promovem um dia de paralisação por melhores condições de ensino, e contra a institucionalização do ensino pago nas universidades brasileiras.

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