Na política, o erro não é apenas uma falha é munição. Uma declaração mal colocada, uma foto inoportuna ou um dado equivocado rapidamente se transformam em armas narrativas. O erro é simples de compreender e fácil de compartilhar, enquanto a verdade exige contexto, explicação e comprovação. Por isso, campanhas e mandatos enfrentam um paradoxo: o erro é imediato, a verdade é lenta.
Reformas estruturais e políticas públicas dificilmente mostram resultados no curto prazo, enquanto um deslize pode dominar o noticiário em segundos. Com as redes sociais, esse processo foi radicalizado. O que antes dependia do tempo da imprensa hoje acontece em minutos: um corte de vídeo, um print ou uma frase fora de contexto se espalham em velocidade viral, ganham hashtags e moldam a opinião pública antes que qualquer versão oficial seja apresentada.
O marketing político opera dentro desse desequilíbrio. A oposição vive da amplificação de falhas do governo; quem governa precisa neutralizar ou relativizar o erro para não perder o controle narrativo; e o eleitor guarda mais facilmente os erros que os acertos, pois emoções negativas indignação, raiva, decepção têm maior fixação.
Exemplos confirmam essa dinâmica: Nixon foi reduzido ao Watergate, Collor de “caçador de marajás” passou a sinônimo de corrupção, e Dilma Rousseff perdeu sustentação política muito mais por erros de comunicação e articulação do que por questões técnicas das pedaladas fiscais. Hoje, um tropeço em uma live ou um post mal interpretado pode custar semanas de desgaste.
Por isso, três pontos são estratégicos: monitorar permanentemente falas, dados e gestos para antecipar deslizes; reagir de imediato para evitar a cristalização da narrativa adversária; e reforçar a verdade com disciplina comunicacional, repetindo resultados e conquistas para reduzir o espaço ocupado pelo erro. Em política, o erro se propaga em segundos; a verdade só se impõe com consistência, tempo e estratégia.