O presidente do sindicato então reage, afirmando que a meia-passagem estudantil também era um dos fatores que influenciavam na elevação do valor da passagem: “Eu, pelo menos, não tenho interesse nenhum em aumento de tarifa, pois não sou dono de ônibus. Acredito que o interesse maior dentro dessa situação deve ser dos estudantes que me acusam, porque são os mais beneficiados, que pouco produzem e pagam apenas metade das passagens, direito este que deveria ser dado ao próprio trabalhador” (A Crítica de 20 de setembro de 1983, p.03).
“Se confirmada versão corrente na tarde de ontem, estudantes estariam prontos a protestar contra o aumento na tarifa do ônibus. Ameaçando quebra-quebra…” foi a nota da coluna “Ponto de Vista” de 20 de setembro de 1983 do A Notícia, antecipando os acontecimentos que viriam a se suceder.
Naquela terça-feira, 20, ocorreria o grande ato público contra o aumento da tarifa, organizado pelo movimento estudantil. Além da revogação do reajuste, os estudantes pleiteavam o fim do limite ao passe estudantil e a sua venda nas agências do BEA, como passou a acontecer no caso do passe comum. A intenção dos estudantes, segundo relato do Jornal do Commercio, seria fazer também uma passeata da Praça da Matriz ao Palácio Rio Negro, como forma de “expor o problema diretamente ao governador Gilberto Mestrinho para que tome providências saneadoras“.
O jornal adverte que os estudantes não estavam preocupados se iriam interditar o trânsito, e que iriam chegar ao palácio via Avenida Sete de Setembro. E atribui a um dos líderes do movimento, sem identificá-lo, a seguinte declaração: “A polícia que não se atreva a interferir na manifestação usando a violência, porque iremos às últimas consequências e alguém poderá cair” (Jornal do Commercio de 20 de setembro de 1983, p.05).
No dia seguinte, A Crítica reporta a manifestação, dando destaque aos ônibus que foram quebrados na Bola da Constantino Nery e nas imediações do Estádio Vivaldo Lima. Segundo o jornal, a manifestação dos estudantes chegou a “provocar a revolta dos populares, que procuravam retornar aos seus lares” (A Crítica de 21 de setembro de 1983, p.02).
Durante a manifestação, quando a passeata passava em frente à Catedral de Manaus, os manifestantes foram encurralados pelo pelotão de choque da Polícia Militar. Muitos deles foram espancados pela PM. Ao jornal A Crítica, um oficial da corporação, identificado como major Brandão, expressou o autoritarismo vigente na época: “Não viemos trazer proposta nem impedir o ato que se realizou. Viemos impedir a passeata“.