No final das contas, a ação violenta e desastrada das forças de segurança acabou contribuindo com a causa estudantil. Em discurso na Câmara Municipal, destacado por A Crítica de 4 de setembro de 1981, o vereador Jair Cavalcanti (PDS) manifesta-se favoravelmente aos estudantes e faz um apelo ao prefeito José Fernandes para que atendesse aos pleitos do movimento. Na Assembleia Legislativa, a deputada Beth Azize, líder do PMDB, condenou a violência cometida pela polícia contra os estudantes e afirmou que “o governador José Lindoso devia se preocupar com a situação dos policiais militares, dando-lhes melhores condições de vida, em vez de mandá-los contra estudantes que se reúnem pacificamente para reivindicar uma necessidade básica para eles“.
Na mesma Casa, o líder do PP, Damião Ribeiro, critica duramente o delegado titular do DOPS, Aderson Melo, chamando-o de “alienado e analfabeto“. O deputado disse não entender “como um elemento que é bacharel em Direito possa desconhecer as leis, e principalmente a Constituição, que garante às pessoas o direito de reunião“, e salientou que “um delegado não tem competência de determinar ou proibir o que ele bem entender, mas simplesmente de aplicar e fazer cumprir as leis” (A Crítica de 4 de setembro de 1981, p.07).
Na data pátria de 7 de setembro, os jornais informam que as passagens de ônibus sofreriam novo acréscimo no preço, desta vez da ordem de 25%, passando a Cr$ 20,00. “Manaus tem a tarifa mais baixa do país” vira manchete em A Crítica de 12 de setembro de 1981. A frase havia sido proferida pelo presidente da EMTU, o engenheiro Dalbret Alencar, durante um evento.
Duas semanas mais tarde, os secundaristas se reúnem com o prefeito José Fernandes para tratar do “passe-único ilimitado” e dão o prazo até o final daquele mês para uma resolução, ameaçando com nova mobilização nas ruas. Na saída da reunião, o diretor de Imprensa e Divulgação da Uesa, Francisco Sávio, denuncia aos jornais que as empresas estariam deliberadamente extraviando os cadastros dos estudantes para que, na hora da venda dos passes, a pessoa prejudicada não ter condições legais para adquiri-los. “É uma fórmula, talvez, de sabotagem a das próprias empresas reduzirem a venda dos passes” (A Crítica de 21 de setembro de 1981, p.03).
Os estudantes, enfim, colhem a vitória. “Em nota distribuída no dia 29 de setembro, a Uesa considerou a implantação do passe único para os coletivos, a partir de 1º de novembro, uma vitória dos estudantes” (A Crítica de 30 de setembro de 1981, p.05). Ao mesmo tempo, a entidade repudiou com veemência a postura da Prefeitura de Manaus por criar uma série de dificuldades para a implantação do passe único.
Porém, as empresas postergam a implantação do passe único, alegando que o aumento dos custos não permitiria a implantação “sem um planejamento a longo prazo” (A Crítica de 5 de novembro de 1981), o que leva os secundaristas a marcar para 17 de novembro o Dia de Luta pelo Passe Escolar.
Naquele dia, os estudantes vão ao prefeito José Fernandes, que finalmente baixa um decreto estabelecendo normas para a venda e o uso do passe único – que passaria a ser vendido tão logo a gráfica Thomas de La Rue, do Rio de Janeiro, contratada pela prefeitura, entregasse a impressão do primeiro lote.