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Percepções sobre a eleição suplementar de 2017 – Parte II

[vc_row][vc_column][vc_column_text]As eleições majoritárias para governador do Amazonas possuem diversas particularidades que devem, por obrigação, ser utilizadas para uma análise responsável.

Em 1982, Gilberto se elege como oposição ao grupo que comandava o Estado desde 1964. Elegeu Amazonino em 1986 contra Artur Neto, com a máquina administrativa nas mãos. Recebeu o governo de volta (1990) por meio do poder da caneta e devolveu novamente para Amazonino em 1994.

Com a instituição da reeleição no jogo eleitoral, Amazonino derrota Eduardo em 1998. Eduardo é eleito em 2002 por causa da fantástica estrutura que Amazonino DEU para ele.

E Eduardo se reelegeu, estando no poder em 2006.

Com a desincompatibilização de Braga para concorrer ao Senado em 2010, Omar assume o governo em abril daquele ano, e se reelege comandando a máquina. O mesmo ocorreu com José Melo, que, com a renúncia de Omar para disputar uma vaga de senador, assumiu o governo em abril de 2014. E concorreu à reeleição com o poder na mão, vencendo a disputa.

Ou seja, todas as eleições, desde 1986, são ganhas por quem tem o controle do governo estadual. Ser oposição é difícil. Por quê? Trago uma variável para a leitura de hoje: o peso que representa o interior no resultado final das eleições em votos.

É bem provável que nos votos válidos a capital fique, neste ano, com 60% ou 61%, e o interior, com 39% ou 40%.

Nem todas as cidades do interior possuem acesso integral à propaganda de televisão. E no caso das mídias sociais é pior ainda, graças ao péssimo serviço de Internet oferecido em nosso Estado. Com isso, os votos são controlados por prefeitos, ex-prefeitos e mais uma meia dúzia de alguns líderes locais.

O voto é de cabresto. O voto é comandado pelos cabos de barranco. Estamos ainda vivendo no século XIX ou XX.

Um exemplo interessante para explicar a questão da ponderação do efeito do eleitorado das 61 cidades interioranas é o seguinte: se Eduardo obtiver 25% em Manaus, isso representa 15% (25% x 60%) do total. E se atingir 35% no interior, equivale a 14% do total (35% x 40%). Eduardo ficaria com 29% ao final da eleição.

Amazonino, com 15% na capital, ficaria com 9% no total (15% x 60%), e, se obtivesse os mesmos 35% de Eduardo, sairia do interior com 14% e, ao final, 23%.

Marcelo Ramos, ganhando em Manaus com 30% (ficando à frente de Eduardo, Amazonino e todos os outros candidatos), somaria 18% (30% x 60%). E se conseguisse 10% no interior, ficaria com 4% (10% x 40%) que, somados aos 18%, daria 22%.

Quem iria para o segundo turno? Eduardo com 29% e Amazonino com 23%, devido aos votos do interior.

Agora se Marcelo saísse com 15% do interior (o que dá 6%), ele passaria no geral para 24%.  E ele iria disputar contra Eduardo. Mas isso é uma simulação onde qualquer alteração muda tudo.

E se Marcelo não tivesse os 30% da capital e ficasse com 25%? Isso daria, ao final, 21%, novamente abaixo dos dois outros prováveis concorrentes.

Estas variações devem ser aplicadas a qualquer candidatura.

Mas o que importa e que somente dois nomes devem ficar com 70%, no mínimo, dos votos do interior.

E quem correr por fora precisará ganhar muito bem na capital para disputar uma das duas vagas do segundo turno.

O interior que vive sem empregos, sem renda e nenhuma perspectiva de futuro decidirá o nome de quem comandará o Amazonas.

E este fará o que sempre fizeram com os nossos irmãos.

 

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