Blog do Durango

Síria pós-Assad: o fim de uma ditadura e o início de um novo desafio


Este fim de semana entrou para a história com a queda do regime Assad na Síria, após mais de 50 anos e duas gerações de governo ditatorial. Bashar al-Assad, que sucedeu seu pai, Hafez, governou com brutalidade implacável. Seu legado inclui o uso de armas químicas contra seu próprio povo e a prisão (ou execução) de milhares de dissidentes políticos. Por décadas, o medo e a violência sustentaram o controle da família Assad.

Hoje, muitos sírios comemoram o fim desse regime opressor. A esposa de Bashar, Asma al-Assad, de nacionalidade britânica, foi um símbolo controverso desse governo. Agora, o que vem pela frente é uma grande incógnita. Embora a queda de regimes autoritários traga esperança, a transição pacífica nem sempre está garantida, e o fim de um ditador pode ser o início de um novo período turbulento.

Como vimos ao longo da história, ditaduras raramente caem sem consequências. Quando Muammar Gaddafi foi derrubado na Líbia em 2011, o país mergulhou em anos de guerra civil. O mesmo ocorreu com a Iugoslávia após a queda de seu regime repressivo, levando a conflitos sangrentos. O Iraque, após a deposição de Saddam Hussein, também enfrentou um colapso violento, apesar da presença das forças americanas. A Síria, profundamente afetada pela repressão, agora encara o desafio de reconstruir uma sociedade funcional em meio às cicatrizes deixadas pelo regime.

Além dos desafios internos, a queda de Assad também repercute internacionalmente. Para o Irã e a Rússia, que mantêm bases militares estratégicas na Síria, esta é uma perda significativa. A Turquia, que apoia grupos rebeldes como o HTS, pode buscar ampliar sua influência e até mesmo facilitar o retorno dos refugiados sírios em seu território. Já Israel, por sua vez, deve ver com bons olhos o enfraquecimento de um regime aliado do Irã.

O Ocidente, que tem apoiado os curdos no leste da Síria, observa os acontecimentos com cautela. Apesar da celebração pelo fim de uma ditadura, o caminho para a estabilidade ainda é incerto. A queda de um tirano é um passo adiante, mas os próximos capítulos podem ser decisivos para o futuro da Síria e da região.

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