1. Qual o mais provável caminho que acontecerá em sua vida política em 2015?
Rebecca – Continuo e continuarei fazendo política da mesma forma que sempre fiz. É possível fazer política militante e social, independente de mandato. Volto à ONG Maria Bonita, que defende os direitos da mulher. Temos até um seminário, marcado para março, em parceria com a presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargadora Graça Figueiredo, para discutir a Lei Maria da Penha com os juízes do interior amazonense. Conheci ainda mais o interior – assim como a periferia mais profunda de Manaus – durante a campanha. Vi muita coisa que quero ajudar a mudar.
2. Em 2016 o seu partido lançará candidatura para prefeito ou vai tentar compor uma chapa com condições reais de vitória?
Rebecca – O PP tem maturidade suficiente para lançar uma candidatura solo e com condições reais de vitória. Pode ser por aí a oportunidade de mostrar à cidade um projeto alternativo de reforma urbana e reestruturação da qualidade de vida que estamos estudando há algum tempo.
3. Seu partido ficará no campo da oposição ao Governo do Estado? E com o prefeito Artur? E o que acontecerá para os filiados infiéis?
Rebecca – O Estado e a cidade que vivemos não são o sonhado e projetado pelo nosso partido. Temos problemas na Educação, Saúde, Segurança… Quem apresentar soluções reais para isso tem o nosso apoio. Enquanto essas condições perdurarem, o nosso caminho é a oposição. O PP não vai assistir à manutenção de problemas de braços cruzados.
4. A Sra. pretende voltar a ter um programa de televisão? Qual o formato a ser adotado?
Rebecca – Nesses oito anos de mandato de deputada federal, toda semana eu precisava estar em Brasília. Agora vou ficar mais em Manaus e certamente poderei me dedicar a muitas outras coisas. Com certeza estarei mais presente na TV, mas ainda não formatamos como isso será feito.
5. Qual o maior aprendizado político desta última eleição?
Rebecca – Ficou provado o quanto a democracia brasileira ainda é frágil, quando se trata do processo eleitoral propriamente dito. Isso mostra o quanto todos os democratas precisam se envolver cada vez mais na política, por dentro dela, para contribuir no aprimoramento e desenvolvimento das nossas instituições. No Amazonas, no interior e até na periferia de Manaus, a gente vê muita coisa, amplamente denunciada nos diversos processos em curso na Justiça, que são de arrepiar. E essas coisas só se resolvem com muita luta. É por isso que não posso desistir de lutar.
6. O que a Sra. faria de diferente, se pudesse, na campanha de Eduardo e Rebecca?
Rebecca – Eu? Nada. Fui muito bem recebida, até de forma surpreendente, em alguns locais muito distantes, e nossas propostas foram aprovadas. Não dá para ignorar que no meio de uma campanha tem um processo de marketing e de propaganda, de financiamento, investimento etc., que não depende muito do candidato. É uma questão de conjuntura. Uma questão de poder. É por isso que falo de aprimoramento das instituições democráticas e isso só ocorrerá quando o eleitor não tiver esse tipo de pressão e puder decidir apenas pelo melhor.
7. Qual o setor que o atual governador, nem com muita boa vontade, não conseguirá melhorar em 2015?
Rebecca – O Amazonas tem problemas que não serão resolvidos nas próximas décadas. Por exemplo? Os portos. Nem Manaus tem um porto de passageiros decente, imagina o interior. Outra coisa é a questão da saúde. Não há uma UTI no interior e se lá forem colocados os equipamentos, aí faltarão os profissionais. Quando conseguirem os profissionais, o que é muito difícil até para a capital, faltarão os remédios, depois a manutenção e, depois ainda, a vontade política porque ela, infelizmente, se dilui com muita facilidade no nosso Estado. Vamos lutar. Mas a luta é a longo prazo.
8. Na sua opinião, é aconselhável para alguém de bem se envolver na política amazonense e suas particularidades?
Rebecca – Claro. Quanto mais gente de bem estiver dentro, melhor para a política e para o povo. Você já viu alguém de mal ter sinceridade de propósitos? Se não tem isso, o objetivo é só ficar perto do cofre. E os resultados são catastróficos. Agora, quem é de bem e só fica observando acaba sendo conivente com os desmandos. Ou participa ou é conivente.
9. Existe uma “Evita Perón” na política Amazonense? Se sim, quem encarna este papel? Ou existe muito marketing na imagem de bonzinhos e boazinhas das pessoas no Amazonas?
Rebecca – Acho que não. Evita, no contexto histórico da Argentina, foi resultado do peronismo, populista, paternalista, demagógico. Essas coisas não são boas para o Amazonas.
10. Você recomendaria qual o investimento para 2015, como economista?
Rebecca – Investimento financeiro, com as bolsas e o dólar nessa instabilidade toda? Procure uma renda fixa. Mas, do ponto de vista do Amazonas, a prorrogação da Zona Franca de Manaus precisa ser melhor aproveitada na captação de investimentos. Não esqueçamos que quando Bernardo Cabral prorrogou os incentivos até 2013, essa data parecia inalcançável e, de repente, estava às portas. Seria um erro perder qualquer tempo agora. E o fortalecimento da Suframa é fundamental para essa captação e deve servir de base para a estruturação do turismo. Acho que temos que trabalhar nos moldes da Costa Rica, que tem hoje o melhor turismo ecológico do mundo.