1) Caso a REDE, da ex-senadora Marina Silva, consiga seu registro, o Sr. mudará de partido e concorre a Prefeito ou prefere ficar no PSB e disputar a vaga de vice na chapa de Artur Neto?
Eu prefiro ser candidato a Prefeito pelo PSB pela identidade política e ideológica que tenho com o partido e pelo fortalecimento que ofereci à legenda com o resultado eleitoral de 2014, quando tive quase 180 mil votos, sendo mais de 174 mil em Manaus (quase 18% do eleitorado). Quanto a outras hipóteses, eu só dialogo com outro partido se o PSB disser que não pretende ter candidato a Prefeito. Mas farei todo o possível para ajudar a constituição da Rede, porque Marina e os militantes aqui foram solidários comigo e porque é importante pra democracia brasileira.
2) A ALEAM está a que distância de representar o povo amazonense de maneira digna?
Eu posso até discordar da maioria constituída na ALE, mas respeito a legitimidade de todos. Os que estão lá, com qualidades e defeitos, estão legitimados pela vontade popular e eu não me arvoro em me colocar acima da maioria do povo. Se o povo escolheu, é porque no seu entendimento soberano aqueles são os seus representantes. Eu não faria as mesmas escolhas, mas o povo é muito maior e mais legítimo que eu.
3) Quem no Amazonas o Sr. considera oposicionista de fato na disputa de 2016?
Sem querer ser pretensioso, mas apenas fazendo uma constatação política. A única coisa nova em relação aos velhos caciques que governam o Amazonas desde a redemocratização, foi o projeto que inauguramos na eleição para governador em 2014. Todas as outras divergências são conjunturais e têm por trás a mesma forma de governar.
4) Qual o recurso público com maior desperdício na administração do atual governo do estado?
Temos graves problemas de gestão na SAÚDE PÚBLICA. A péssima gestão abre margem para o desperdício e a corrupção.
5) O PSB apoia o Governador Melo e o Prefeito Artur ou só mantem relações republicanas?
Não posso falar pelo PSB. Nunca houve uma reunião das instâncias formais do partido para discutir a relação com os governos de Melo e Artur. Se houver, emitirei a minha opinião de que o PSB deve manter independência.
6) Qual a marca principal de seu mandato que encerra daqui há alguns dias?
Inegavelmente, meu mandato ficou muito marcado pela fiscalização aos atos do Executivo e combate aos desvios de conduta na administração pública. Mas também houve muito diálogo e muita produção legislativa. Com diálogo, conseguimos barrar o aumento do ICMS da gasolina e reduzir o ICMS da internet. E também aprovamos leis importantes, como a lei do teste do coração, a lei que incluiu as cooperativas entre os beneficiários do FMPES e a lei que permite utilizar recursos do FTI para a construção e manutenção de aterros sanitários. Foi o mandato mais completo que já exerci. Tenho muito orgulho disso.
7) O Amazonas é terra de muro baixo ou a corrupção daqui não possui limites historicamente? Ou as duas situações são verdadeiras?
A corrupção tem limites em qualquer lugar onde exista um só homem de bem e aqui existem muitos. Nossas instituições estão se consolidando, aperfeiçoando e fortalecendo. Hoje os órgãos de controle já são mais efetivos, os atos e gastos já são mais transparentes (por força de lei), a sociedade é mais atenta e participativa e a imprensa hoje vive pressionada pelas noticiais de blogs e redes sociais, o que a obriga a ser um pouco mais independente. Aqui ainda acontecem muitos desmandos, mas estamos avançando.
8) Quem pode ser classificado pessoalmente de esquerda (postura mais progressista e democrático) dos políticos que o Sr. conhece?
Não vejo mais essa classificação como capaz de explicar a conduta dos homens públicos atuais. Não é de esquerda um projeto que avacalha a república e transforma o público em privado. Eu prefiro falar no resgate dos valores republicanos, em homens e mulheres públicos comprometidos com os valores da democracia, da ética, da transparência. Conheci homens assim de esquerda e de direita. Como também conheci canalhas de direita e de esquerda.
9) O cenário de 2015, com tantas denúncias de corrupção na esfera federal e com as enormes dificuldades econômicas do Brasil, apontam para que rumo?
Do ponto de vista econômico, o cenário é preocupante. O governo federal, mesmo tendo escolhido um ortodoxo para o Ministério da Fazenda, não consegue afastar o seu viés populista e demagógico, até porque precisa de apoio popular para enfrentar essa crise moral em que esta submerso. Anuncia cortes de investimentos, aumento de juros e restrições ao crédito, mas não é capaz de cortar ministérios, cargos comissionados e nem gastos com a máquina pública. Ou seja, o governo desequilibra as contas pra ganhar a eleição e agora quer equilibrar exigindo sacrifícios do povo, sem fazer os seus sacrifícios. Quanto aos escândalos, penso que, ao final das investigações, sairá um Brasil mais transparente, mais austero e menos corrupto.
10) Como o Sr. pretende atuar politicamente em 2015?
Tenho uma vida militante. Não apareci na política com mandato. Vou manter a minha tradição de luta pelos bons valores da política. Transformarei o meu site num blog de política e estou organizando um instituto de controle de contas públicas, nos moldes do Contas Abertas. Fora isso, farei visitas, reuniões e mobilizações do povo em torno de um novo projeto pra Manaus e para o Amazonas. Também me dedicarei a alguns projetos literários em andamento. Estou feliz, entusiasmado, certo de que fiz o que tinha que ser feito e de que voltarei em breve por vontade do povo de Manaus que me deu uma forte manifestação de carinho e confiança.