1- Qual o aspecto positivo e um negativo como vice prefeito de Manaus?
O aspecto negativo é o fato de não obter autonomia para resolver os problemas da população e cumprir as promessas de campanha, pode ter voz na campanha, mas durante a gestão, nenhuma. Para quem gosta de trabalhar, arregaçar as mangas, como eu, fica complicado. No aspecto positivo, estou mais experiente, sem dúvida. Existe uma diferença entre experiência e maturidade, me considero maduro, pois maturidade se adquire com estudo, observação e aconselhamentos de pessoas mais vividas, mas experiência não, é só com o tempo, é só vivendo. Me sinto cada vez mais preparado para ser a voz do povo do Amazonas. Defender este povo seja onde for.
2- Qual o tema principal que pretende atuar no primeiro ano de seu mandato em Brasília?
Um Deputado Federal não pode ser monotemático. Seguirei uma agenda positiva que está sendo formulada com Roberto Freire – presidente nacional do PPS, Guto Rodrigues – presidente do PPS/AM, demais instâncias partidárias do PPS como os núcleos temáticos e setoriais, jornalistas, empresários, lideranças comunitárias e religiosas, especialistas/cientistas e associações dos diversos segmentos da sociedade, essa agenda está em andamento. Contudo, irei insistentemente lutar por mais recursos para o Amazonas, combater a corrupção, o mau caratismo e o cinismo que contamina a classe política; e apresentar um grande projeto de desenvolvimento econômico, social e ambiental do Amazonas para Brasil. O povo sabe que trabalho, e muito, é com voz e coragem que vamos nos empenhar para renovar a postura do congresso nacional, chegou a hora do Brasil olhar diferente para o Amazonas.
3- O PPS do Amazonas será oposição nos três níveis governamentais? E porquê ?
Nossa política é de construção de um país mais justo e solidário, de modo que, no âmbito municipal a atual gestão não está cumprindo o que prometeu para Manaus, na mobilidade urbana as obras ou estão lentas, ou pararam, na saúde existe uma desorganização completa do sistema, não houve nenhum redimensionamento geográfico das casas do médico da família para qualificar o atendimento, a nossa educação convive com baixa qualidade de ensino, não houve reforma pedagógica e nem uma ação enérgica para otimizar a gestão escolar, o apadrinhamento continua se sobrepondo ao mérito, sei o que essa gestão prometeu e sei que poderia ser feito mais, quanto ao PPS na administração a frente da SEMINF e da SETRAB as duas secretarias foram bem avaliadas pela população na época, e os expedientes que o prefeito usou para nos anular e a forma com que se comportou para nos isolar foi um ato de extremo desrespeito ao partido e ao povo de Manaus que era quem se beneficiava das políticas que implementamos, vale esse registro.
Em relação ao Governo do Estado, nosso projeto era outro, e não vencemos, sem contar que o PROS foi criado pra facilitar a vida do PT, este inclusive foi um dos motivos para nós apoiarmos o candidato do PMDB, basta olhar o resultado das convenções nacionais dos dois partidos no mês de junho, o PROS foi unanime no apoio a Dilma e o PMDB saiu rachado, o segundo fator, foi a competência administrativa de Eduardo Braga que é muito superior ao concorrente daquele momento, o terceiro e não menos importante, foi o aval de Roberto Freire para o partido eleger um deputado federal pela primeira vez no Amazonas e fazer parte de um projeto maior. Para finalizar, somos oposição ao governo federal pelos desmandos dos serviços públicos, pela estagflação gerada no país, pela incapacidade gerencial e corrupção.
4- O BRT é a melhor solução para a mobilidade urbana de Manaus?
A mobilidade urbana é um tema de muita relevância, já não se consegue mais andar em Manaus, são quilômetros de engarrafamentos diários que causam prejuízos, nos fazem perder compromissos, causam estresse e doenças. Precisamos de alternativas, não merecemos passar pelo que estamos passando. Não existe “uma melhor” solução para o problema da mobilidade urbana. O BRT era para ter suas obras iniciadas em janeiro de 2014, a obra já havia sido licitada, o contrato estava assinado com a empresa vencedora, o plano de ataque inicial de obras havia sido aprovado por mim na condição de secretário de infraestrutura, o convênio com a caixa econômica estava sólido, enfim, se ano que vem estão dizendo que será feito, não consigo entender essa lacuna temporal, pois desde novembro de 2013 estava tudo preparado. A melhor solução é integrar todos os modais existentes para facilitar o deslocamento de pessoas, desde bicicleta a transporte fluvial, passando por ônibus, BRT e/até monotrilho, é necessário um plano de transporte, deixei isso bem adiantado com o BID, mas, parou também.
5- Onde o Governo do Amazonas fica a desejar na gestão e execução de sua missão?
O governo do Amazonas há mais de cinco anos apenas administra rotina, não existe projeto novo, diferente, planejamento estratégico e muito menos, vontade de realizar, de agir. O governo está sem missão, sem foco, é levado por qualquer banzeiro, eles apenas administram índices de popularidade pra evitar desgaste político, controlam boa parte da imprensa e dos outros poderes, é triste, mas essa é a realidade. Sinto um aperto no coração pelo povo, que sofre, e infelizmente as ações estão longe de mudar. Nosso papel é em defesa do povo do Amazonas, e sempre será o de debater, apontar caminhos, criticar mal feitos, e fiscalizar. Estarei em Brasília lutando por recursos, mas também atento ao bom uso destes. Não admito desperdícios, não temos tempo a perder, pois a história segue.
6- Considerando os desdobramentos da operação lava jato, o Brasil vai para que caminho em 2015?
É com muita tristeza que acompanho o que vem acontecendo com a nossa Petrobras. O PPS tem o orgulho de ter sido um dos grandes defensores do “Petróleo é Nosso” lá nos anos 50, e ter lutado pela criação da Petrobras. Nosso papel em Brasília será também o da defesa dessa empresa tão importante. O Brasil precisa ser passado a limpo, a operação lava jato será muito útil, se, ao final, houver uma ação concreta diante do que está acontecendo, através de punições, de implementação de mecanismos de transparência nas instituições públicas, reforma política e outros.
7- Reforma política é mais uma história para “inglês ver”?
Se depender de mim, não. Tenho 34 anos, sou jovem e vou lutar com unhas e dentes para que ela saia do papel. A reforma política é essencial para reorganizar o sistema eleitoral brasileiro e atacar a relação espúria entre as multinacionais e os políticos. É mais uma ferramenta para acabar com a corrupção no país. Quando ouvimos o termo reforma, fica sempre a impressão que é uma maneira de não se fazer nada e se eximir da responsabilidade, mas precisamos enfrentar esse debate também, o país exige isso. As manifestações de junho nos deram um recado muito claro, o povo brasileiro não aguenta mais do jeito que está. Nossa voz e coragem estará a serviço das transformações que o Brasil necessita.
8- O interior do Amazonas vive em que década de que século? E como romper este GAP?
O interior do Amazonas é a África do Brasil, a única diferença é a abundância de recursos naturais, por isso o povo não passa fome e sede, devemos isso a Deus e não aos gestores. Realmente precisamos desenvolver o interior do estado. O Amazonas, devido ao seu tamanho e suas características, tem particularidades que devem ser levadas em conta. Está na hora de alternativas econômicas à zona franca. É preciso investir no turismo, na exploração de nosso potencial de biodiversidade e aproveitar a vocação econômica de cada região para estimular seu desenvolvimento, isso é elementar, mas tá longe de acontecer. Minha função é também buscar recursos. Coragem e atitude para buscá-los, não nos falta.
9- Na distribuição de cargos do Governo Federal no Amazonas qual a indicação que pretendes fazer? Ou nem passará a compor a agenda do partido?
O partido é oposição aos três poderes. Não acredito que oferecerão cargos para o PPS. Entretanto, o PPS tem excelentes técnicos e pessoas com habilidade para dirigir qualquer órgão público. Caso o partido seja convidado a compor, avaliaremos as nuances, porém, nossa participação na administração não pode ser confundida com subalternidade política, o caso da prefeitura de Manaus é exemplo que o partido não se troca por cargos em detrimento dos seus projetos e convicções. O PPS é um partido de grande tradição dentro da história do Brasil, um partido de 92 anos, que contou entre seus militantes, brasileiros importantes como Monteiro Lobato, Oscar Niemeyer, Jorge Amado, Graciliano Ramos, entre outros, ilustres ou anônimos, muitos dos quais deram sua vida em defesa do povo brasileiro. O PPS é reconhecido, e isso muito nos orgulha, como um partido ideológico. Nós não somos um partido de negociatas, de busca de cargos, não! Nós somos e sempre seremos, um partido firme no seu projeto em defesa do povo brasileiro.
10- O PPS pertence a um bloco de partidos. Alguma possibilidade de fusão a vista?
Montamos o segundo maior bloco de forças políticas na Câmara Federal, confesso que trabalhei junto a outros parlamentares para que isso acontecesse. Nesse momento a federação atende a necessidade de formarmos um bloco de peso dentro do Congresso Nacional, para enfrentarmos o rolo compressor do governo, e levarmos adiante políticas de interesse nacional e do povo brasileiro. Está dando certo, a fusão é uma tendência natural, mas não será no curto prazo. Um partido como o nosso que deseja fazer uma reforma política não pode aceitar um congresso com 28 agremiações diferentes, se queremos um sistema político sério, temos de dar o exemplo, por isso, iniciamos.