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2 de setembro de 2023 às 10:00.

O Amazonas sofre irreparável perda!

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Transcrição do Jornal A Tarde de 23 de março de 1940, n. 945 ANNO IV

O comendador Joaquim Gonçalves de Araújo, chefe da firma J.G. Araújo Ltda., figura proeminente de nosso mundo econômico e social, faleceu, anteontem, em Lisboa.

Traços biográficos. Homenagens.

A sociedade amazonense e os nossos meios econômicos foram surpreendidos, às últimas horas da tarde de quinta-feira dia 21, com uma notícia que, no seu laconismo, condensava, todavia, copiosos sentimentos de pesar. Em Lisboa, noticiava o despacho telegráfico, acaba de falecer o comendador Joaquim Gonçalves de Araújo.

E, dai a minutos, de boca em boca, a nova lamentável envolvia a cidade inteira, em cujo coração o velho J.G., como era conhecido, na intimidade, viveu por mais de meio século, num labor perene e fecundo. Moço, menino ainda, melhor, contando doze anos de idade aqui chegara, iniciando suas atividades no comércio local, onde, pelos próprios méritos de inteligência e de educação, foi escalando postos até chegar as culminâncias de sua carreira brilhantíssima.

Português de nascimento, tendo por berço a freguesia de Estela Conselho da Povoa de Varzim, foram seus pais o sr. Joaquim Gonçalves de Araújo e dona Maria Gonçalves de Araújo, que, desde cedo cuidaram do preparo de sua formação espiritual e mental. Nasceu a 14 de fevereiro de 1860 e a 26 de outubro de 1871 com onze anos e meses, na barca “Douro”, embarcou para o Brasil. Sua capacidade de trabalho, de todos conhecida, contribuiu para a desenvoltura de nossas industrias, em diferentes sectores, dilatando-se sua obra aos mais distanciados pontos da interlândia.

E os reflexos de seus empreendimentos trouxeram-lhe homenagens dos grandes centros europeus, nimbando o seu nome de glória e para ele convergindo prêmios e condecorações. Conde papalino, da Ordem de São Gregório Magno, Cavaleiro da Ordem Portuguesa de Cristo e da Coroa da Bélgica, de cujo país era cônsul.  Neste Estado o comendador Joaquim Gonçalves de Araújo, chefe da firma J.G. Araújo & Cia Ltda, fundou, nesta cidade, a Fábrica de Artefatos de Borracha, á Villa Rosas, então estabelecimento modelar que, não só enaltece o Amazonas, mas honra o próprio Brasil.

Por isso, e ainda, pela sua bondade de espírito, exornado de todas as virtudes cristãs, o pranteado morto cristalizou o seu prestígio nas camadas humildes que nele encontravam sempre a mão amiga e obsequiosa.

Conhecida a infausta nova, o presidente da Associação Comercial, de que o comendador Joaquim Gonçalves de Araújo foi figura de maior relevo. Publicou uma nota sentidíssima, noticiando o desenlace e convidando as classes laboriosas de nossa terra para, numa eloquente e justa homenagem, traçarem as cerimônias fúnebres.

Do Gabinete da Presidência da Associação Comercial do Amazonas recebemos a seguinte nota:

MISSA DE 7º DIA.

Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo

Maria Adelaide da Silva Araújo, Maria Adelaide, Aleth Araújo, Agesilau de Araújo, Aluísio de Araújo, Neuza de Araújo. Julietta Bittencourt de Araújo, Felipe Araújo, Joaquim Araújo, Renato Araújo. Theresa Araújo, Jayme Araújo, e Tiete Araújo, esposa, filhos, noras e netos (todos ausentes) do falecido Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo.  Convidam as pessoas das suas relações para assistirem á missa de sétimo dia em sufrágio de sua alma, na Catedral, às 8 horas, no dia 27. E desde já agradecem o comparecimento de todos a esse ato de piedade cristã.

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