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Os 115 anos do mestre Mário Ypiranga Monteiro

Amazonense Mario Ypiranga Monteiro
Fonte: jmartinsrocha.blogspot.com

O advogado, escritor, professor e historiador amazonense Mário Ypiranga Monteiro completaria 115 anos no próximo dia 23 de janeiro de 2024, caso ainda estivesse neste plano. Manauara nascido em 1909, mesmo ano de fundação da Escola Universitária Livre de Manáos – célula máter da atual Universidade Federal do Amazonas (Ufam) –, sua família morava no n. 41 da rua da Indústria, no então bairro dos Tocos, conhecido hoje como Nossa Senhora de Aparecida.

Filho do senhor Francisco Monteiro e de dona Maria de Souza Monteiro, seu gosto pela literatura foi incentivado desde cedo pelo pai, que o mandava ler e decorar poesias para recitá-las nas reuniões familiares. Ingressou em 1922 no Ginásio Amazonense D. Pedro II, onde, cinco anos mais tarde, iniciou sua vida literária no jornal estudantil “Alvorada”. Concluiu os estudos no Ginásio em 1930, ano em que foi um dos líderes da histórica “Revolução Ginasiana”, ocorrida em 12 de agosto daquele ano.

Nesse mesmo período, Mário dirigiu os pasquins manuscritos “Abrolhos”, “Arco-íris” e o mensário impresso “O Estudante”, além dos jornais de combate “A Voz do Operário”, “Correio de Manaus” e “12 de Agosto”. Na década de 1930, escreveu ainda para as revistas cariocas “Fru-fru”, “Fon-fon” e “O Malho” e dirigiu a revista “Vitória-Régia”. Após terminar o ginasial, viajou por dois anos pelo interior, nas regiões dos rios Negro e Branco, coletando materiais para seus futuros contos e crônicas. Posteriormente, foi nomeado professor primário em Borba, no Grupo Escolar Monsenhor Coutinho.

Fonte: Acervo Abrahim baze

O professor se tornou membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (Igha) em 1932. Sete anos mais tarde, casou-se com dona Ana dos Anjos Monteiro com quem constituiu uma família de quatro filhos: Marita Socorro Monteiro, Azemilkos Trajano Monteiro, Maurilio Galba Monteiro e Mário Ypiranga Monteiro Filho. Em 1946, formou-se em Direito pela Universidade do Amazonas e, no ano seguinte, a 20 de dezembro de 1947, foi eleito à Academia Amazonense de Letras (AAL) para ocupar a Cadeira 10, do patrono Barão do Rio Branco –, sendo empossado em 14 de fevereiro de 1948. 

Instalado o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em 1954, no outro ano, o então diretor do Inpa, dr. Olympio Ribeiro da Fonseca Filho, convidou Ypiranga para compor o quadro da nova instituição científica como pesquisador de Ciências Sociais. No Inpa, ele publicou as seguintes pesquisas: “Antropogeografia do Guaraná”, “O Sacado”, “Morfologia Dinâmica Fluvial” e “Folclore da Maconha”.

Na então Universidade do Amazonas, Mário Ypiranga assumiu, em 1º de março de 1965, o cargo de professor de Literatura Portuguesa para a Primeira Série do Curso de Letras. Um ano depois, passou a lecionar, eventualmente, a cadeira de Literatura Brasileira para a Segunda Série do mesmo curso. Ele foi enquadrado como professor titular da Ufam em 1º de janeiro de 1986, aposentando-se quatro anos mais tarde, em 12 de dezembro de 1990.

Fonte: manaushistoria.blogspot.com

Atuou na imprensa local como revisor e redator dos jornais “A Nação”, “Jornal do Comércio”, “A Gazeta”, “O Jornal”, “A Luta Social”, “A Crítica” e Diário Oficial e teve suas crônicas publicadas em vários periódicos. Autor de mais de 200 títulos publicados, alguns com repercussão nacional e internacional e traduzidos para o inglês, espanhol, italiano, alemão em revistas dos EUA e da Europa, dentre as suas obras podemos destacar “O Regatão”, “Teatro Amazonas”, “O Aguadeiro”, “O Espião do Rei”, “Negritude e Modernidade”, “A Catedral Metropolitana de Manaus”, “Fundação de Manaus” e “Roteiro Histórico de Manaus”.

Apaixonado pelo folclore, na época em que foi professor de Geografia no Ginásio Amazonense Pedro II, ele incentivava seus alunos a ensaiarem danças típicas da região, como a “Desfeiteira”, “Arara” e “Jacundá”. O pesquisador também foi o responsável pela organização do primeiro festival folclórico do Amazonas, realizado em 1954 na rua Ajuricaba, no bairro da Cachoeirinha. E em 2004, pelas comemorações dos seus 95 anos, ele lançou seu último livro, ainda em vida – “Boi-Bumbá: história, análise fundamental e juízo crítico” –, num evento realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-AM).

O mestre Mário Ypiranga Monteiro veio a falecer em 9 de julho daquele mesmo 2004, com vasta contribuição na história, no folclore e na literatura amazonenses. Entre as várias homenagens prestadas ao professor, seu nome serve de denominação hoje a uma das principais avenidas de Manaus, anteriormente chamada de rua Recife (Lei Municipal 819, de 23 de dezembro de 2004); a uma escola municipal no bairro de Flores; ao edifício da Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas, e ao prédio do Instituto de Ciências Humanas, inaugurado em 27 de junho de 2013 na Ufam.

Fonte: Wikipédia

Mesmo após a sua passagem, Mário Ypiranga ainda teve três livros inéditos lançados em 18 de setembro de 2010 pela Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua), em cerimônia ocorrida no auditório do Igha. São eles: “Escravidão Indígena”, sobre a chegada dos europeus à Amazônia e a submissão dos nativos da região ao trabalho escravo; “O Pescador”, que aborda a piscosidade do rio Amazonas e a maneira como o colonizador utilizou a mão de obra indígena para pescar e abastecer a cozinha do homem branco, e “Papagaio de Papel”, no qual o autor fala sobre a sua infância no bairro dos Tocos.

Atualmente, funciona no Centro Cultural dos Povos da Amazônia (CCPA) a Biblioteca Mário Ypiranga Monteiro, inaugurada em 2011. A unidade de informação contém um acervo bibliográfico com mais de 16 mil exemplares, entre livros, periódicos, folhetos, fotos, cartas, mapas etc., além de mostruários com suas medalhas, troféus, condecorações, diplomas, alguns objetos pessoais, instrumentos de pesquisa e sua coleção de arte sacra. Muitos dos títulos existentes na biblioteca possuem dedicatórias de autores e/ou comentários feitos pelo próprio homenageado.

E em meio a todas as categorias dos “Prêmios Literários Cidade de Manaus”, promovidos pela Prefeitura de Manaus, foi criada, em 2012, uma específica para o melhor livro de ensaio sobre tradições populares, a qual traz o nome daquele que foi um dos maiores defensores do folclore regional: “Prêmio Mário Ypiranga Monteiro”.

Fontes:

https://cultura.am.gov.br/espacos-culturais/bibliotecas/biblioteca-mario-ypiranga-monteiro/

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/amazonas/mario_ypiranga_Monteiro.html

https://portalamazonia.com/historias-da-amazonia/mario-ypiranga-monteiro-consolidou-roteiro-historico-de-manaus

http://jmartinsrocha.blogspot.com/2010/09/mario-ypiranga-monteiro-grande.html

https://antigo.ufam.edu.br/attachments/article/954/Mario%20Ypiranga%20Monteiro.pdf

https://www.manaus.am.gov.br/noticias/educacao/prefeitura-de-manaus-realiza-1a-mostra-do-projeto-contacao-de-historias-da-rede-municipal-de-ensino/

https://www.manaus.am.gov.br/noticias/educacao/prefeitura-de-manaus-realiza-1a-mostra-do-projeto-contacao-de-historias-da-rede-municipal-de-ensino/

https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/pronunciamento/347759

https://academiaamazonensedeletras.com/pdf/revistas/REVISTA%20AAL%20N%2026.pdf

https://www.portalmarcossantos.com.br/2012/06/05/obras-sobre-bairros-de-manaus-estao-disponiveis-na-internet/

https://leismunicipais.com.br/a/am/m/manaus/decreto/2023/550/5491/decreto-n-5491-2023-dispoe-sobre-o-regulamento-dos-premios-literarios-cidade-de-manaus-e-da-outras-providencias

https://academiaamazonensedeletras.com/pdf/boletins/BOL%20INF%20AAL%20N%2002%20FEVEREIRO%202009.pdf

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