Na tarde de hoje, apresentei a um grupo de amigos o relatório da mais recente pesquisa eleitoral da empresa #PESQUISA365 sobre a sucessão municipal de Manaus, e recebi muitas perguntas interessantes a respeito dos resultados obtidos pelo estudo. Eis alguns questionamentos e as devidas respostas, aqui resumidas:
Por que foram colocados 12 nomes como candidatos a prefeito nesta pesquisa de outubro?
Como já escrevi anteriormente, em 2016 teremos o maior número de candidatos a prefeito de Manaus de toda a história das eleições municipais. Poderíamos ter colocado, quem sabe, até 15 nomes. Nessa semana, por exemplo, se comentou o nome do ex-deputado federal Sabino Castelo Branco. Há ainda a possibilidade de Herbert Amazonas, pelo PSTU, e de Luiz Navarro, pelo PCB, também serem candidatos, caso consigam se acertar com o TRE. Por isso, esses 12 nomes podem até ser pouco, considerando o número de interessados em disputar o pleito.
Esse quadro diluído de candidaturas deve realmente ocorrer ano que vem?
A grande maioria desses nomes, seja por determinação dos seus partidos ou porque tiveram muitos votos em eleições anteriores, acreditam terem condições de se submeterem à avaliação do eleitorado manauara. Claro que, eventualmente, um ou outro poderá renunciar em benefício de outra candidatura. Porém, isso somente deverá ocorrer nos meses de julho e agosto.
Até porque todos que se colocarem como candidatos não vão antecipar a retirada dos seus nomes. É da tradição política barganhar e negociar. E muitos desses nomes estarão candidatos justamente para negociarem melhores condições para si mesmos ou para seus partidos. Viabilizarem as eleições de vereadores (geralmente familiares), angariarem apoios, costurarem alianças.
Essas alianças serão fáceis de acontecerem nesta eleição?
Não, porque todos estão muito crentes de que são a bola da vez e que têm condições de conquistarem a segunda vaga para concorrerem no 2º turno.
E quem vai para o 2º turno com Artur Neto?
Não tenho ideia. É difícil de dizer. Tem fatores como tempo de televisão, de imagem da pessoa, que pode estar muito bem hoje e amanhã não. Por exemplo, hoje o segundo colocado da pesquisa é o deputado federal Marcos Rotta, que tem quatro mandatos como deputado estadual e agora está em seu primeiro como federal. Rotta é do PMDB, partido do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga.
Até que ponto esse recente aumento de 40% nas contas de energia do amazonense vai respingar na imagem de Rotta, cuja principal bandeira sempre foi a defesa do consumidor? Será que ele vai se colocar contra esse reajuste e sair em defesa da população? Para fazer isso, teria que se afastar de Eduardo, porque senão corre o risco do seu favoritismo ser afetado.
Quais as situações dos outros concorrentes que também têm chances de irem ao 2º turno?
Hissa Abrahão é um nome que vem mantendo sempre bons indicadores, foi eleito deputado federal com uma votação muito boa em Manaus. Porém, ficaria inviabilizado eleitoralmente se, por exemplo, fosse apoiado por Amazonino Mendes. Mesmo caso do Henrique Oliveira, que agora negocia uma aliança com o PDT, de Amazonino, para fazer uma frente. Está cavando sua própria sepultura.
Serafim Corrêa tem boas chances de ir para o 2º turno, apesar da sua elevadíssima rejeição. Como ex-prefeito, conhece muito bem os problemas da cidade e teria um discurso adequado à conjuntura.
Marcelo Ramos obteve 17% dos votos na capital, nas eleições para governador em 2014, contudo, não é dono desses votos. Ele agora pertence ao projeto pessoal de Alfredo Nascimento, que possui graves problemas de imagem em Manaus. Marcelo terá que se explicar muitas vezes sobre a sua (in)coerência política.
Em resumo, todos os candidatos têm prós e contras. Irá para o 2º turno o que conseguir se vender melhor e se mantiver deslocado dos desgastes dos seus aliados ou das suas relações partidárias. Em resumo, não há nenhum santo neste jogo eleitoral.
O percentual obtido por Artur Neto nesta pesquisa pode ser considerado baixo?
Considerando um cenário de 12 nomes e as dificuldades que todos os prefeitos do País estão enfrentando devido à crise econômica, o número que ele obtém é excelente. Não devemos nos esquecer, no entanto, que, até o momento, ele é o único que possui telhado de vidro, e muitas pedras serão atiradas de todos os lados. Mas, uma caneta na mão sempre faz a diferença na reta final, principalmente nessa “lisura” generalizada que os políticos estão vivendo.
A estratégia de todos contra o Artur será a mais adequada?
Esse será um dos erros primários que os adversários poderão cometer: jogar todas as fichas para desgastar a administração do prefeito. Bater na gestão do Artur não significa que vão tirar votos do prefeito para si. Poderão, inclusive, estar dando votos para o segundo ou o terceiro colocados, e não para o quarto ou o quinto, como exemplo.
Não me parece muito inteligente o Chico Preto não criticar o Marcelo Ramos, que não vai falar nada contra o Serafim, que não vai atacar o Hissa, que não tocará no nome do Rotta, que não detonará o Hissa. Todos contra o Artur… Não funciona assim. O manauara elegeu Artur prefeito em 2012 exatamente por ele ter se colocado como vítima da máquina eleitoral, quando foi derrotado por Vanessa Grazziotin na eleição para o Senado em 2010.
O eleitor vai procurar o projeto que mais se aproximar do viável e da verdade. Dizer que Manaus será mudada do dia para noite, como num passe de mágica, na mais pura demagogia, será de uma estupidez exponencial.
Amazonino vai ser candidato a prefeito novamente?
Mesmo que Amazonino não seja candidato, ele vai estar envolvido na eleição. Vai apoiar alguém e vai conspirar, constantemente. O nome dele foi colocado muito mais no sentido de se estabelecer qual a força eleitoral que Amazonino ainda tem, hoje resumida em 6% ou 63 mil votos.
Se ajuda? Claro que sim. Mas, é sempre bom lembrar que em política nem sempre 1 + 1 = 2. Alfredo liderava as pesquisas quando Omar estava com menos de 10%. Foi se juntar com Serafim e aí… 5 + 5 viraram 4, e não 10.
E as candidaturas que hoje estão abaixo de 3%?
Essas candidaturas terão muitas dificuldades, como baixíssimo tempo na televisão e pouquíssimas inserções. Por exemplo: Luiz Castro, Chico Preto e Abel Alves não poderão participar dos debates, pois as novas regras eleitorais exigem que o partido tenha mais de nove deputados de representação na Câmara Federal, o que não ocorre com PMN, Rede e PSOL. Já Zé Ricardo, do PT, teria um bom tempo de televisão, mas ainda é um nome de pouca expressão na cidade e vai pagar muito caro o preço de um partido umbilicalmente associado à corrupção. Se já batem à porta da casa do Lula agora, imaginem daqui a 11 meses. No entanto, o imponderável sempre pode ocorrer numa cidade que é conhecida por ter boi que voa.
Bem, a conversa foi longa. Quem quiser bater um papo comigo sobre a pesquisa e outros detalhes, basta me ligar.
O relatório completo você encontra AQUI.