Dentre os inúmeros e incalculáveis problemas que tentará resolver no dia a dia da administração estadual, o governador Wilson Lima também terá a sua pauta política que envolve, por exemplo, a definição dos seus apoios às eleições de presidente da Assembleia Legislativa e de presidente da Associação Amazonense de Municípios.
Além disso, historicamente, o governador de plantão sempre apoia um candidato ao cargo de prefeito de Manaus. Nos bastidores, tenho ouvido falar de dois nomes, em especial: o do vice-governador Carlos Alberto e o de Luiz Castro.
Coincidentemente, ambos estão à frente de duas secretarias de grande orçamento, enorme capilaridade e potencial para a conquista de votos, respectivamente, as pastas de Saúde e de Educação, conforme nomeações publicadas no Diário Oficial do Estado de 1º de janeiro.
Bebendo na fonte do historiador grego Heródoto, que disse que é preciso se pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro, fiz um exercício de reminiscência da história política local e constatei que nessa seara, os governadores têm tido mais derrotas do que vitórias.
Em 1983, o governador Gilberto Mestrinho indicou Amazonino Mendes como prefeito biônico. Dois anos depois, o PMDB do “Boto” elegeu o vice-governador Manoel Ribeiro como chefe do Executivo municipal. 1×0 para os governadores.
Em 1988, o governador Amazonino apoiou Gilberto para prefeito, e este foi derrotado por Arthur Neto: 1×1.
Gilberto, governador em 1990, decide investir em José Dutra na eleição municipal de 1992. O resultado foi a vitória de Amazonino, contabilizando-se, então, duas derrotas dos governadores contra uma vitória.
Na eleição para prefeito de 1996, o então governador Amazonino apoiou Alfredo Nascimento, que tinha sido seu secretário de Saúde e da Fazenda. Vitória de Alfredo, sendo esta a primeira e única vez que um secretário indicado consegue vencer. Empate de 2×2 no placar geral.
Em 2000, aconteceu um caso de jogo duplo: Amazonino apoiou diretamente Alfredo e, “indiretamente”, Eduardo Braga. Alfredo foi reeleito, mas, dado o jogo de cena de Amazonino, não entra na contagem, permanecendo o empate em 2×2.
Quatro anos depois, o governador Eduardo Braga apoiou Amazonino Mendes, que perdeu para Serafim Corrêa. As derrotas dos governadores passaram à frente: 3×2.
Braga abraça a candidatura do seu vice-governador Omar Aziz a prefeito, em 2008, e novamente sofre um revés, com Amazonino Mendes eleito e Serafim em segundo. 4×2.
Em 2012, o governador Omar Aziz decide apoiar Vanessa Grazziotin, porém, aposta também em Arthur Neto, que acabou vitorioso naquela eleição. Pela torcida para os dois times, o placar se manteve em quatro derrotas contra duas vitórias.
E na eleição municipal mais recente, de 2016, Arthur se reelegeu e o governador José Melo perdeu com Marcelo Ramos. O placar final ficou em 5×2.
Ou seja, nas últimas nove eleições municipais da capital, foram cinco derrotas, duas vitórias e dois empates para as indicações dos governadores.
E em 2020? Será que Wilson vai ter candidato a prefeito de Manaus? Carlos Alberto ou Luiz Castro? Com certeza, ainda é muito cedo para se prever qualquer coisa.
Porém, com base no histórico das eleições municipais que acabamos de trazer à tona, vimos que, em Manaus, os governadores perdem mais do que ganham, o que não significa dizer que essa diferença não diminua ano que vem.
O pior para Wilson, entretanto, seria o dilema de ter obrigatoriamente um candidato e ainda ter que escolher entre um e outro, pois são dois nomes fortes da sua administração. E querendo ou não, o preterido sempre guardará essa mágoa, um filme que já aconteceu muitas vezes na política baré.