O fim da Primeira Guerra Mundial foi determinante na mudança do cenário na geopolítica mundial, ao revelar a queda da hegemonia inglesa. O despontar dos Estados Unidos como uma potência econômica, política e militar e o início da recuperação da Alemanha derrotada, baseada em uma política nacionalista
de cunho fascista. Com o quadro internacional assim pincelado, o governo de Getúlio Vargas adotou
uma posição hesitante. Em princípio não apoiou nem aos Países Aliados, tendo na linha de frente a Inglaterra, França e União Soviética, nem aos países do Eixo, com a Alemanha, Itália e Japão no comando. Com esse comportamento indeciso, o Brasil se aproveitou e tirou vantagem comercial da rivalidade entre esses países. Nessa fase reticente, a Alemanha foi a principal compradora de algodão e a segunda de café, tendo tido uma participação significativa no comércio exterior do Brasil.
Enquanto o Brasil não se definia, o governo do presidente norte-americano, Franklin D. Roosevelt, acompanhava com atenção o avanço alemão no comércio brasileiro. Em decorrência dessa relação comercial com a Alemanha, alguns grupos econômicos americanos manifestaram o desejo de que os Estados Unidos adotassem medidas de represálias contra o Brasil. Mas o presidente americano preferiu evitar qualquer ação radical e agiu com cautela, talvez com receio de o Brasil aliar-se à Alemanha. Washington se preocupava com a produção de matérias-primas necessárias para a guerra. Pois o Brasil tinha uma importância estratégica como o segundo maior produtor de borracha vegetal, essencial para o armamento bélico. O maior produtor estava sob controle japonês no Sudeste Asiático. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o bombardeio de navios brasileiros pela esquadra alemã, o presidente Getúlio Vargas decidiu juntar-se aos Aliados. Definindo assim, os rumos da política externa brasileira.
Em maio de 1941, Warren Pierson, presidente do Export Import Bank, veio ao Rio de Janeiro e assinou um acordo com o Brasil. O governo brasileiro se comprometeu a vender exclusivamente aos Estados Unidos materiais estratégicos. Se as empresas norte-americanas não comprassem toda a produção brasileira, o governo americano se comprometia a adquirir o excedente e facilitar o embarque de materiais essenciais à indústria brasileira. Esse acordo ocorreu quando as autoridades militares dos EUA pressionavam o Brasil para permitir a presença de suas tropas em bases aéreas no Nordeste, como parte de seus planos de defesa hemisférica. Os militares brasileiros, no entanto, resistiam, aceitando a presença de tropas norte-americanas apenas em caso de invasão. Preferindo contar com um esforço puramente nacional para a defesa inicial do território.
O impasse começou a se romper rapidamente ao final de 1941, com a entrada dos Estados Unidos na guerra. Imediatamente convocou-se a II Conferência dos Chanceleres para o Rio de Janeiro, a fim de debater o rompimento de relações das nações americanas com o Eixo. A posição brasileira foi intensamente negociada durante aquela reunião (15 a 28 de janeiro de 1942). Especialmente em torno do reequipamento das forças armadas e de questões econômicas”.
Em dezembro de 1941, a então política econômica externa dos Estados Unidos em relação ao Brasil ficou evidente, em virtude da necessidade das matérias-primas oriundas do país. O interesse dos americanos voltara-se para as matérias estratégicas, como o minério de ferro, o manganês e a borracha vegetal. Os Estados Unidos precisavam garantir o fornecimento da borracha, então fundamental para a fabricação dos materiais bélicos. “As conversações político-estratégicas foram conduzidas pelo próprio chefe da delegação norte-americana à conferência, o subsecretário de Estado, Sumner Welles, que manteve contatos diretos com o presidente Vargas. As conversações em torno dos materiais estratégicos foram conduzidas por Warren Pierson.
Em 1941, o objetivo principal de Pierson tinha sido o de cortar as fontes de suprimento de matérias-primas do Eixo. Em 1942, porém, os Aliados (americanos e britânicos) necessitavam de maneira crucial dessas matérias-primas, especialmente borracha, manganês, tungstênio e ferro. Por isso, o governo americano considerou essas conversações da “mais alta importância para o esforço de guerra anglo-americano”. Entre outros dados, Pierson apresentou um plano que dispunha sobre a abertura da mina de Itabira e melhoramentos ferroviários para transportar o minério de ferro para o porto de Vitória. Além de um empréstimo para: 1) capacitar a Central do Brasil a transportar grandes quantidades de manganês e minério de ferro para o porto do Rio de Janeiro; 2) realizar melhoramentos nesse porto.
O governo brasileiro concordou com o plano, mas condicionou-o ao sucesso de conversações concretas em torno do fornecimento de armas ao Brasil”. Ao final da Conferência dos Chanceleres, governo brasileiro anunciou o rompimento de relações diplomáticas e comerciais com a Alemanha e a Itália. Logo em seguida, Getúlio Vargas enviou o ministro da Fazenda, Artur de Sousa Costa, a Washington, a fim de discutir as questões militares e econômicas concretas, decorrentes das conversações havidas no Rio de Janeiro, e estabelecer os acordos correspondentes.
A missão de Sousa Costa em Washington era tentar reduzir os prazos de entrega do equipamento militar e econômico pretendido pelo governo brasileiro. Discutir assuntos econômico-financeiros, assim como estabelecer as melhores condições para o fluxo de matérias-primas industriais para o Brasil. A maior dificuldade a ser superada era a desconfiança dos militares norte-americanos, que receavam em conceder prioridade ao material solicitado pelo Brasil.
A então fama dos militares do Rio de Janeiro como pró-alemães e a recusa em permitir tropas norte-americanas no Nordeste geraram um impasse entre as nações. Os Estados Unidos ofereceram duzentos milhões de dólares em armamento ao Brasil. Com pagamento de 35% em seis anos, sob a Lei de Empréstimo e Arrendamento. O governo brasileiro aceitou conceder facilidades ao Exército e Marinha dos EUA e permitiu a presença de um grande contingente norte-americano no Nordeste brasileiro. Eles apararam as arestas e firmaram os acordos econômicos.
Fonte: IDD