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12 de agosto de 2024 às 18:00.

Henry Ford e o Fordismo – Texto CXV

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Henry Ford era um homem contraditório em seus ideais, pois tudo girava em torno de noções superficiais do mundo. Ainda assim, movia em sua órbita uma multidão e comandava os rumos de sua empresa com mão de ferro. Tinha uma opinião política e social, posições, algumas vezes, antissemita e, ao mesmo tempo em que promovia a modernização do mundo, era adepto do conservadorismo.
Ford era avesso a qualquer tipo de controle sobre as indústrias, seja de cunho governamental ou dos pares capitalistas. Por isso não abriu a empresa ao capital financeiro, mantendo-a longe de Wall Street. Também não fazia parcerias com outras indústrias, não buscava o monopólio sobre determinado produto. Apesar de controlar a produção de matérias-primas e peças de forma exclusiva para seus carros. Os trabalhadores das suas fábricas eram mantidos na linha. Não somente de montagem, mas pela regularização e vigilância da vida cotidiana, como seus hábitos alimentares e de higiene.
Ele proibia, o quanto fosse possível, a formação de sindicatos, se necessário fosse, até usava de violência, e ainda assim era quem pagava os maiores salários dos EUA, com o famoso “Dia de Cinco Dólares”. Manipulador, ele controlava as decisões de seus gerentes e administradores e lhes dava prêmios pelo resultado do trabalho alcançado.
Entre 1914 e 1920 foi um período de fantástico sucesso para Ford, devido a prosperidade social que pregava com o seu já mencionado “Dia de 5 Dólares”. A empresa em pleno apogeu acabou por comprar todas as participações minoritárias sem dividendos para pagar. E, no ano de 1917, construiu o maior complexo industrial da história, o River Rouge, em Deaborn, distrito de Detroit, com 140 mil metros quadrados, noventa e três prédios, porto de águas profundas, uma fundição que foi considerada a maior do mundo e capacidade de empregar mais de 100.000 funcionários e produzir 1.200 automóveis por dia.
A primeira experiência da Companhia Ford, seguindo a sua concepção de “um pé na agricultura e outro na indústria”, se deu em Iron Mountain (Michigan) a partir de 1919, com a aquisição de grandes extensões para extração de madeira a ser utilizada nos veículos, e a edificação de uma serraria, três fábricas de peças e uma represa para fornecimento de energia elétrica. A empresa tornou-se responsável pelo saneamento, escolas, energia, pavimentação, construção de igrejas e de salas de recreação, incluindo cinemas, e a reforma dos vilarejos, que assumiam de fato funções municipais.
Mais da metade dos carros que entravam em circulação no mundo no ano de 1921 era da marca Ford. Em 1924, Ford quis cultivar seringueiras na Flórida, entretanto, quando declarou essa sua intenção, ocorreu uma absurda especulação no preço da terra, fazendo-o abandonar o programa.
Em 1927, a Ford Motors Company, inaugurou um método inovador de produção em série de veículos. Os funcionários da linha de produção ficavam em fila, repetindo a mesma tarefa o dia inteiro. Em diferentes automóveis, que se locomoviam até eles em esteiras. Foi o marco de uma nova era na indústria, pois os
produtos saíam em grande quantidade, de forma mais veloz e por preço mais baixo. A essa linha de produção convencionou-se chamar de “fordismo”.
O Fordismo significou não apenas um sistema industrial, fechado no modo de produção. Mas todo um conjunto de regras de conduta, uma forma de vida que incutia nos funcionários e que tentava transformar o mundo. Os ingleses criaram o cartel da borracha no Sudeste Asiático e mantiveram o
preço da borracha em alta. Isso obrigou Henry Ford a pensar em produzir sua própria matéria-prima, se quisesse ter garantia no abastecimento de látex para a fabricação dos pneus dos seus automóveis, a preços competitivos. Esse cenário, ainda no ano de 1927, corroborado por reveses políticos e sociais no cenário norte-americano (por mais que sua fábrica liderasse as vendas de carros e houvesse
a estabilidade dos preços da borracha no mercado mundial) deu força para a “conspiração” amazônica.

Fonte: IDD

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