Um dos motivos apontados para o declínio da agricultura era a fuga de braços para regiões de extração da borracha. Acirrando rivalidades entre setores das elites locais. As autoridades provinciais desejavam enfim superar o impasse com projetos que garantissem a incorporação de mais trabalhadores à Amazônia. Foi essa a conjuntura que as primeiras levas de retirantes cearenses desembarcados em Manaus encontraram. Os recém-chegados pareciam ser a solução para o constante lamento contra a falta de mão de obra”, afirma Edson Holanda Lima Barboza.
Num primeiro momento o Amazonas se apresentava assim como o novo ímã de riqueza no país. Atraia apenas famílias pobres e analfabetas para a extração da borracha. “Depois de algum tempo o alvo passa a ser os intelectuais da classe média que, cansados da dura vida provinciana, sem dinheiro nem oportunidades,
resolvem tentar a sorte em outra região. Vários jornalistas, literatos, funcionários públicos e estudantes cearenses recém-chegados na província, vindos da capital, embarcaram para o Norte, sendo o principal alvo a cidade de Manaus”, diz Lima Barboza.
Na “fala” de abertura do então ano legislativo provincial, em agosto de 1878, o presidente da província, Barão de Maracajú, anunciava a retomada do projeto de fundação de colônias agrícolas com o objetivo de resolver o frequente problema de abastecimento alimentar na região: “Na estrada aberta ao norte desta cidade, lugar escolhido pela comissão de colonização para uma colônia de estrangeiros, cuja fundação não realizou-se estabeleceram-se também emigrantes cearenses nos lotes de terras já medidos e demarcados, que ainda não estavam ocupados. Outra colônia de emigrantes cearenses se formou, com 647 pessoas divididas em 129 famílias. Seus habitantes manifestaram o desejo de chamá-la Maracajú, e assim a colônia foi denominada.
A expectativa oficial era de que os retirantes cearenses ocupariam então o vácuo deixado pela falta de imigrantes estrangeiros, conclui Lima Barboza.
Fonte: IDD