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22 de fevereiro de 2017 às 08:00.

Anos 1950, idade das trevas ou anos dourados?

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Se por um lado está fixado na memória social como os “anos dourados” do glamour e do romantismo, por outro, numa análise mais crítica, a década de 1950 é entendida pelas correntes de opinião mais influentes das nossas crítica e historiografia musicais, como a década que viveu o auge do movimento folclorista brasileiro, uma concepção que consideravam atrasada, por que “impregnada de sonoridades “latinizadas” nas quais imperava um “romantismo de massas””. Eram os padrões interpretativos em que prevalecia o estilo vocal-operístico e com excessiva emoção contida nos boleros e sambas-canções.

A década, portanto, em linhas gerais, é vista como “um período dividido entre um momento de predomínio de uma noção da cultura e da música popular como produtos da massificação cultural, calcada em um repertório defasado e ainda ligado a uma sensibilidade ingênua de cunho rural e regional” conforme blá.

No livro Chega de Saudade, Ruy Castro compara a vida musical do Brasil pré-bossa nova a uma grande quermesse, na qual imperavam baiões e sanfonas.

“Mesmo o qualitativo colado àquela década, algo nostálgico e carinhoso, de “a era do rádio”, em parte é ofuscado pela pujança e qualidade desse meio de comunicação nos anos 1930 e 1940, antes de ser popularizado e ocupado pelas “macacas de auditório” justamente nos anos 1950, termo em si mesmo pejorativo e racista. Enfim, na querela entre os antigos e modernos no campo da historiografia e da produção musical brasileira, os anos 1950 acabaram ficando no limbo da história como uma espécie de “idade das trevas musicais”. Se os medievalistas há muito já conseguiram se desvencilhar dessa adjetivação do seu período de estudo, a música brasileira da década de 1950 ainda aguarda um novo julgamento historiográfico, para o qual o campo da história da cultura teria muito a contribuir”.

Bem, se alguns historiadores enxergam a década de 1950 sob uma perspectiva problemática, onde o rótulo de “anos dourados” não cabe, o julgamento dos manauaras que viveram aqueles anos é diametralmente oposto. Só lhes trazem lembranças felizes, retratadas nos indisfarçáveis brilhos que os seus olhos irradiam. “Idade das trevas musicais? Negativo! Anos dourados, sim! Então o que dizer dos anos 1960? Anos de chumbo?  – Referindo-se ao golpe militar de 1964 – Ora bolas! ” Definiu e arrematou Claudio Figliuolo.

Para os amazonenses que conheço e que viveram os anos 1950, não cabem lembranças da vida musical de Manaus que não sejam doces e felizes.

O disco Canção do Amor Demais (1958), da cantora Elizeth Cardoso, para muitos é considerado o momento inaugural da Bossa Nova. Todas as faixas são canções compostas pela dupla Tom Jobim e Vinícius de Morais, além disso, em algumas faixas, João Gilberto acompanha Elizeth ao violão com uma nova “batida”. Era a Bossa Nova dando boas-vindas aos anos 60.

A palavra bossa surgiu pela primeira vez na década de 1930, na letra da música Coisas Nossas, samba de Noel Rosa. Na década seguinte a expressão “bossa nova” começa a ser usada para denominar os improvisos das paradas súbitas, com encaixe de falas, durante a música nos sambas de breque.

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