Nada mais insípido, incolor e inodoro do que um debate político com a presença de todos os candidatos a prefeito. O resultado prático é nenhum. É útil para separar imagens do suposto melhor desempenho de cada candidato e delas fazer uso em seus programas eleitorais. Serve, ainda, para divulgar eventuais equívocos dos concorrentes, com o propósito único de depreciar a sua performance e, consequentemente, a sua candidatura.
Para os candidatos que estão mal posicionados nas pesquisas de intenção de voto, é a oportunidade de, com agressividade e contundência, se posicionarem com perguntas maliciosas, argutas, na busca desesperada de que os candidatos melhor colocados cometam deslizes.
Debate no formato proposto não produz os efeitos pretendidos nem serve para o eleitor decidir o seu voto, serve somente para nivelar, por baixo, todos os candidatos. Não há como expor ideias, programas ou projetos sobre saúde, mobilidade urbana ou educação, por exemplo, em dois ou três minutos. Muito menos esclarecer, em tréplica, o que o candidato concorrente perguntou ou comentou em réplica.
De que adianta saber se o Amazonino pagou ou não o IPTU de seu imóvel? Se confundiu inclusão digital com impressão digital? Se Marcelo Ramos sugeriu que seus aliados da hora, na eleição passada para o governo do Estado, deveriam se ajoelhar no milho? Ou Alfredo, hoje aliado de Omar, insinuar que este tinha envolvimento com pedofilia e receber a resposta que recebeu? Se é pra isso que esses debates servem, não valem à pena, resumem-se a baixarias, acusações e baixíssimo ou nenhum conteúdo.
Debate que vale à pena é aquele que tem como participantes apenas os dois candidatos que passaram para o segundo turno. Neste sim, a dinâmica adquire a relevância que nos outros se ausenta.
Segundo indicam as pesquisas nacionais realizadas nas últimas décadas, debates políticos televisionados impactam em, no máximo, 2%.
O debate que teremos hoje na Rede Bandeirantes, se caracterizará pela baixa audiência. Será uma ponte que levará os participantes do nada para lugar nenhum, porque em nada alterará o desinteresse do eleitor com o processo eleitoral.